(Ilustração feita por Leonardo B. Ferreira para este blog)
12 de dezembro de 2011.
Foi
um fim de semana bem cheio no Conjunto Nacional. O shopping estava todo
decorado para o Natal. Claro que eles não estão preocupados com o espírito de
paz e harmonia do nascimento de Jesus Cristo. Eles estão preocupados com o
espírito de consumo desenfreado e inconsequente das pessoas nessa época do ano pra
ganhar dinheiro. Quase não tinha nada em promoção, infelizmente. Eu até
estranhei que o Henrique estava disposto a gastar com as coisas. Estava tão
orgulhoso de levar as sacolas de um lado para o outro. Ele até pagou um quase
jantar na praça de alimentação muito bom, e olha que não tinha ninguém por
perto para ele se exibir. Posso dizer também que neste fim de semana ele foi um
bom marido em outras coisas em que ele não era importante há bastante tempo com
a qualidade que teve.
Para
a Giovana a gente resolveu comprar duas camisas e um tênis de correr, para ver
se ela começa a fazer algum exercício, porque anda comendo muita bobagem em
casa. O Daniel finalmente vai ganhar um tênis e uma calça nova. O Henrique se
deu uma camisa do Grêmio. Mais uma! Não sei nem quantas camisas do Grêmio ele
tem aqui em casa mais, acho que umas 10. As mais velhas são as prediletas dele.
Segundo ele, eram de tempos de glória. Gastar quase 200 reais numa camisa de
time de futebol é uma perda de tempo total, não há quem me convença do
contrário disso. E é cheio de gente ganhando dinheiro com essa paixão sem
sentido. Tem muita gente que conhece mais da história do time de “coração” do
que do próprio filho ou filha. É impressionante como o futebol toca as pessoas,
principalmente os homens. Parece que a derrota do time de futebol envergonha
mais do que as derrotas deste país.
Agora
o que me dá orgulho de verdade é o Daniel com a Rayane! Eles estão cada dia
mais lindos juntos. Resolveram se presentear com um celular para cada um,
desses bem avançados que tiram fotos e acessam a internet de onde quiserem.
Pelo plano em casal, tiveram um desconto. Tão bom vê-los juntos assim.
Agora
teve uma coisa que eu percebi agora, enquanto eu escrevo que me deixou
realmente melancólica: todo mundo comprou presente para amigo secreto, menos
eu. Eles compraram para os colegas de trabalho e amigos pessoais. Já eu não
comprei para ninguém, pois eu não tenho emprego. Realmente sou isolada de todo
o mundo que me cerca e não tenho com quem me comunicar sobre a vida. É como se
eu fosse uma peça na vida das pessoas. Meus filhos nunca me dão nada de Natal
também. Um dia eu ainda vou ter coragem para perguntar para eles o que eu
significo para eles? Se nem no Natal se lembram de mim, imaginem no restante. A
vida é assim mesmo.
(Esta é uma obra de ficção feita por Fernando Fidelix Nunes)