2018
O ano em que falaremos sem ouvir,
julgaremos e seremos julgados
pela ótica crítica sem autocrítica
sobre a metafísica do real.
Romperemos as fronteiras do bom senso.
Com rancor e sem empatia,
cultivaremos a distância das ideias
e criaremos raízes fortes.
Defenderemos quem nos ataca.
Faremos de amigos inimigos
e do presente um longo futuro.
Por fim, se farão cinzas
das fogueiras dos conflitos
e restará uma nação de aflitos.
(Fernando Fidelix Nunes)
Este blog tem como objetivo produzir literatura de qualidade e contemporânea aos principais dramas humanos de nosso tempo. Além disso, como professores de Língua Portuguesa, nós disponibilizaremos conteúdo teórico e prático para estudantes da educação básica compreenderem aspectos centrais da leitura e da produção de textos diversos.
Marcadores
- Contos (6)
- Diário (82)
- Livros (1)
- Manifestos (1)
- Opinião (21)
- poemas (20)
- Propostas de Redação (3)
- Qualquer Coisa em Qualquer Lugar (1)
- Supernova (2)
- Teoria (1)
- Vídeos (1)
domingo, 31 de dezembro de 2017
sábado, 30 de dezembro de 2017
Diário: 04 de maio de 2011
4 de maio de 2011.
Eu
li na internet que para manter um hábito a gente precisa fazer uma mesma
atividade pelo menos um pouco todos os dias. O hábito de escrever é complicado
com a rotina que eu levo, ainda mais quando o Henrique me avisa no fim da tarde
que vai trazer mais 3 amigos para comer aqui em casa. Mas a vida é assim... a gente
sempre tem que dar um jeito para não ficar desajeitada.
Diário: 03 de maio de 2011
3 de maio de 2011.
O
povo daqui acha que almoçar em casa sai mais barato. Se soubessem do trabalho
que é arrumar comida pra 4 pessoas e depois ajeitar tudo, não diriam isso. Catar
feijão é um trabalho considerável pra se fazer pela manhã. Nessa hora, não dá
nem pra assistir tv. Sempre que eu invento de fazer as duas coisas ao mesmo
tempo eu deixo passar o que não deveria. Sem a tv, o problema é que eu fico
pensando na minha vida. Como eu a deixei chegar nesse beco sem saída? Dizem que
eu cuido bem da casa, dos filhos e do meu marido, mas e quanto a mim? Quando eu
me preocupei de verdade comigo ou com o que eu gosto de fazer?
Pena
que as respostas às minhas perguntas não trazem consigo as soluções que preciso.
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
Poema "Fardo"
Segue um poema de um aluno que quis ficar anônimo.
Fardo
É melancólico quando se dá o ocaso.
Na solidão da noite
o peso reflexivo cai em nossa mente,
como pedras de granizo caem sobre o nosso corpo.
A reflexão se torna uma artrite,
fazendo-nos, nada obstante, claudicar.
Dizem que chorar alivia a dor da realidade concreta,
mas, de nenhuma maneira consigo chorar.
Será eu doente?
Se sim, doente de quê?
Preciso descobrir, antes que eu já tenha partido desta vida,
o verme que corrói-me interiormente.
Neste espaço em branco preencho de vômito a branca cor. Poder-se-ia, caso estivesse falando de mim,
Tenho sobrevivido com a angústia da reflexão preso ao meu âmago.
Dizem que em gramática tudo isso é emotivo.
todavia, falo deste sentimento presente assiduamente
no interior de cada um: A reflexão noturna.
Fardo
É melancólico quando se dá o ocaso.
Na solidão da noite
o peso reflexivo cai em nossa mente,
como pedras de granizo caem sobre o nosso corpo.
A reflexão se torna uma artrite,
fazendo-nos, nada obstante, claudicar.
Dizem que chorar alivia a dor da realidade concreta,
mas, de nenhuma maneira consigo chorar.
Será eu doente?
Se sim, doente de quê?
Preciso descobrir, antes que eu já tenha partido desta vida,
o verme que corrói-me interiormente.
Neste espaço em branco preencho de vômito a branca cor. Poder-se-ia, caso estivesse falando de mim,
Tenho sobrevivido com a angústia da reflexão preso ao meu âmago.
Dizem que em gramática tudo isso é emotivo.
todavia, falo deste sentimento presente assiduamente
no interior de cada um: A reflexão noturna.
Diário: 2 de maio de 2011
2 de maio de 2011
A
Giovana já acordou reclamando que o feriado devia ser hoje em vez de ontem. Pra
ela, não adianta em nada um feriado cair no domingo. Ontem era o Dia do
Trabalhador. Ela é dessas que pensam que feriado só serve pra gente descansar.
Como eu fui deixar a minha filha ficar idiota desse jeito?! E ainda é
professora! Imagina só o que ela deve ensinar de caráter pros filhos dos outros?
“Trabalhar de sol a sol é um mal abominável! Esforcem-se ao máximo para não
precisar disso na vida de vocês!”. É um erro que é tarde demais para se
corrigir numa filha. Talvez com um neto eu acerte mais. Ele talvez não sinta
nos ombros a responsabilidade de aguentar uma semana de trabalho sem ficar
reclamando, igual essa geração besta.
***
A
gente sempre acha que merece mais da vida. Limpar o chão, cozinhar e lavar um
dos banheiros não é bem o que eu esperava pra mim quando casei com o Henrique.
Mas a vida é assim: uma correnteza que nos leva para onde ela quiser se não
soubermos nadar bem. Chamam isso de destino. Acho mesmo é que é imperfeição
nossa... pelo menos eu dei uma ajeitada boa na casa.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
Prólogo do Diário e 1º de maio de 2011
Prólogo
A
curiosidade é a maçaneta de todas as portas.
Eu
andava pela 113 norte, que é parte do meu tradicional trajeto para o Parque
Olhos d’ Água, quando vi um pen drive jogado no chão. De início, não dei muita
importância a ele. Só achei um desperdício estúpido alguém jogar fora um pen
drive. Afinal, tudo tem o seu valor em tempos de crise e o lugar de lixo é no
lixo.
Durante
o restante do trajeto, não pensei mais no dispositivo. No parque, fiz minhas
flexões de sempre e, em ritmo de trote, dei 3 voltas enquanto apreciava a
paisagem natural do fim de tarde. Realmente, é uma benção ter um parque
aconchegante do lado de casa. A natureza tem o poder de restaurar as energias e
pontencializar o nosso espírito, especialmente o pôr do sol com seus raios
parcialmente cobertos pelas nuvens – privilégio muito raro em nossas grandes
cidades.
No caminho de volta, topei com o
pen drive de novo. Contudo, depois que passei dele, a minha indiferença foi
substituída por uma curiosidade absolutamente irresistível. Será que ele ainda
funcionava? Haveria ali alguma playlist interessante que poderia ser
aproveitada? Será que o pen drive ocultava algum segredo íntimo ou era apenas
um repositório de documentos desimportantes?
O
meu interesse por aquele objeto levou-me a voltar, quando já estava quase em
casa, para pegá-lo. Assim que cheguei em casa, não fui tomar banho, como de
costume. Inseri o pen drive no meu computador o mais rápido que pude para
saciar a minha bisbilhotice clandestina.
Existia
apenas uma pasta chamada “Receitas”. Contrastando com o plural de seu nome, a
pasta só possuía um documento, que fora intitulado “Frango ao Molho”. Achei o
tamanho do arquivo muito grande para uma receita de frango, mas atribui esse
fato a possíveis imagens que ilustrariam um prato tão trivial. Já decepcionado
e envergonhado, resolvi abrir o documento para saciar por completo a minha
curiosidade, da qual eu já sentia imensa vergonha, já que minhas expectativas
me pareciam apenas um devaneio. Dessa forma, esperava, ao menos aprender uma
deliciosa receita de frango capaz de substituir as minhas tradicionais
lasanhas.
Entretanto,
ao abrir o documento, deparei-me com um diário com centenas de páginas.
Absolutamente estupefato, fui constatando que estava diante do relato íntimo de
anos da vida de uma alma perturbada. Confesso
que minha atenção no restante da noite foi direcionada exclusivamente para
aquele diário. Jornais, novelas, seriados e futebol ficaram em segundo plano
naquele momento. Nenhum seriado ou novela havia sido capaz de deixar-me tão aficionado
por um enredo.
Não
dormi naquela noite, devido à incontrolável vontade de saber o que havia em
cada página. Era fascinante ler cada trecho. Sentia uma voz doce, mas abafada
pelas dores da vida cotidiana narrar e refletir sobre tempos tão turbulentos
para si e para o mundo à sua volta. Só interrompi a leitura para ir ao trabalho
pela manhã.
Confesso
que não trabalhei direito no dia seguinte, devido ao sono e ao interesse em
saber mais sobre aquele diário. Como sabia que iria dormir pouco ou até nem
dormir, resolvi comprar umas três latas de energéticos para aguentar mais uma
maratona de leitura. Por sorte, era véspera de um feriado prolongado, e
consegui terminar de ler o diário antes de retornar ao trabalho.
Contudo,
esta é uma das ideias que ficam alojadas em nossas cabeças esperando a melhor
circunstância para agir. Uma semana depois, eu comecei a perceber as coisas de
outro jeito. Será que, se eu mantivesse essa história em segredo, eu não iria
me tornar cúmplice desse discurso que afronta a dignidade humana? Afinal,
alguém que vê um abuso e fica inerte é tão culpado quanto. Assim como a luz do
sol que inunda o céu, um novo mundo de possibilidades se abriu para mim. Os
fatos narrados no diário íntimo podem fazer as pessoas pensarem no dia a dia
mais sobre problemas arcaicos da nossa moderna vida privada e, de brinde, ainda
produzirem uma retrospectiva a respeito dos últimos anos da vida brasileira –
que viveu, por coincidência, seus anos mais perversos e complexos. Curioso ver
que a lâmina da opressão foi penetrando e levando à agonia mais uma de suas
vítimas à medida em que nossa nação caminhava passo a passo para amargurar os
seus piores dias.
Comecei
a esquadrinhar uma alternativa. O ideal, sem dúvida, seria que a própria autora
publicasse o seu texto, mas isso nunca ia acontecer. Nenhuma editora também permitiria a sua publicação sem a autorização da autora. Então,
eu precisava de algum meio para atingir as pessoas. O caminho era botar o texto
na Internet. Na Internet a censura é mínima, isto é, ninguém vai me impedir de
botar algo na rede. Descobri que o
Fernando, meu amigo, tinha acabado de criar um blog literário. Passei-lhe o
arquivo com o texto completo. Ele foi bastante receptivo com a ideia e me deu
alguns norteamentos. Em vez de publicar o diário na íntegra, seria melhor se
ele fosse disponibilizado aos poucos no blog. Afinal, esse povo de hoje tem
preguiça de ler texto longo na internet e prefere ser “alimentado” por
“pílulas” periódicas de arte. Só não em relação a seriados, que são merecedores
de maratonas. Por fim, decidi que o melhor seria publicar este livro em formato
digital para alcançar o maior número de pessoas até chegar à dona do diário e
ela mesma revele os seus escritos anteriores e posteriores sobre sua vida.
No
fim das contas, talvez você me julgue por, clandestinamente, divulgar a vida
íntima de alguém, ainda mais de uma mulher desconhecida. Mas o que você faria,
no meu lugar, se estivesse diante do crime perfeito? Por pretextos éticos, você
guardaria para si essa história? Deixaria sob as sombras o que merecia ser
iluminado para que não se repita de forma sistemática e cínica em pleno Século
XXI? Acha mesmo que o melhor caminho seria fazer comentários críticos a
moralistas de quinta e divulgar reportagens sobre a violência contra a mulher
para combater esse absurdo? Você conhece alguém que mudou de ideia sobre o
machismo lendo reportagens ou comentários em redes sociais? Sou sincero em
dizer que não conheço ninguém que passou por uma catarse após esse tipo de
leitura. Ademais, as outras alternativas podem ser convincentes, mas pouco
influentes na mudança de comportamentos nocivos à dignidade humana. Sejamos
diretos: a mudança ideológica não é abrupta, é um processo de etapas
rotineiras.
1º de maio de 2011
Pesquisei
na Internet e aprendi uma coisa interessante hoje. Quando a gente vai escrever
o primeiro dia de cada mês, tem que escrever “1º” e não “1”. Não lembrava dessa
regra da escola. Isso realmente vai ser útil pra mim, seja pra ensinar um
futuro neto ou para continuar escrevendo de onde eu parei.
É
verdade que eu fiquei um tempo sem escrever. Prometi que não ia voltar, já que
aconteceu aquela desgraça com meu diário anterior. Só que a vida segue e nossos
bons hábitos também devem fazer o mesmo.
Uma
coisa que me animou a escrever de novo foi que hoje o falecido João Paulo II
foi beatificado. Isso que era um homem bom! Não é igual a esse papa de hoje que
não toca o nosso coração. Para serem lembradas, as pessoas devem tocar nossos
corações não com protocolos, mas com ações rotineiras. Ele era um bom homem,
falava com todos e sempre buscou a paz no mundo. Quando eu o ouvia, eu aprendia
a perdoar. Nunca vou me esquecer da pomba demorando pra sair de perto dele num
discurso perto da sua morte. Ele era cercado por uma energia divina!
Bem...
melhor eu voltar a escrever depois.
domingo, 17 de dezembro de 2017
Poema CEANoite
CEANoite
Estudantes, docentes e toda gente
deram uma aula de como se fazer uma festa.
Depois dos protocolos,
saltos e bolsas foram guardados,
gravatas e paletós ficaram pelos lados,
e o salão se inundou.
Nessa noite, realmente multidisciplinar,
que só acabou com o sol,
celebramos nossa filosofia
pela sociologia do coração
com diversidade, amor e amizade;
a arte foi feita com o corpo
sem se prender a padrões,
algumas reações químicas entrelaçaram línguas,
sem cálculo de movimentos;
e, por fim, se fez uma história para ficar no coração.
(Fernando Fidelix Nunes)
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Poema Conjugação Global
Conjugação Global
Ipod tudo
Youtubespectador da vida
It'stressado com o mundo
Wespecular na bolsa
Yousos e abusos
Theytar sem dormir
(Fernando Fidelix Nunes)
Obs: A minha amiga Blenda Batista me ajudou muito nesse poema. Parte do crédito é dela.
Ipod tudo
Youtubespectador da vida
It'stressado com o mundo
Wespecular na bolsa
Yousos e abusos
Theytar sem dormir
(Fernando Fidelix Nunes)
Obs: A minha amiga Blenda Batista me ajudou muito nesse poema. Parte do crédito é dela.
Assinar:
Postagens (Atom)