(Ilustração feita por Enthony Keven)
22 de junho de 2012.
Hoje
eu me peguei pensando: que dia é hoje? Não digo nem dia com número e mês não,
mas dia da semana. Eu sinceramente não sei que dia é que dia. Tanto faz a
segunda, a sexta ou o sábado para mim. São dias em que sou cheia de obrigações
que torcem a minha porta, a minha roupa e a minha alma. Talvez, por isso minha
família olhe para mim com um olhar mais cínico e queira me presentear com a
ausência de trabalho no meu fabuloso aniversários. Afinal, as pessoas gostam
mesmo é de serem servidas pelas outras neste país.
Será
que sempre foi assim? Quando a gente serve aos outros esquecemos da gente em
vários momentos. Às vezes eu me pergunto: e agora? Me sinto um personagem de um
poema do Drummond diante da vida, aquele José. Minha filha vive falando essa
expressão em tom de brincadeira aqui em casa quando algo sério acontece. Esses
dias ela viu a Dilma sem graça na televisão e falou em tom de deboche: “e
agora, Dilma?”. Agora que ela não é nenhuma novidade para ninguém, todo mundo
está colocando as manguinhas para fora neste país para criticá-la. Começa com
deboches e sabe-se lá como termina.
A
minha família acha que consegue esconder de mim os planos deles para o meu
aniversário. Estão muito errados. Passo o dia inteiro em casa cuidando das
desarrumações deles e sei cada pista que eles deixam sem nem perceber. A
Giovana, com o salário dela de professora, comprou um vestido da C&A e o
Daniel, com a ajuda da Rayane, comprou uma sandália mais bonita para mim. Duas
coisas que eu nem sei quando vou usar com ou sem a minha família.
Com
tudo isso, no final do dia me olhei no espelho e disse para mim mesma: “e
agora, Márcia?”. Acho que a resposta a essa pergunta seria o meu verdadeiro
presente de aniversário. Às vezes acho que o fim do mundo neste ano não seria
uma coisa tão ruim assim.