domingo, 31 de dezembro de 2017

Poema 2018

2018

O ano em que falaremos sem ouvir,
julgaremos e seremos julgados
pela ótica crítica sem autocrítica
sobre a metafísica do real.

Romperemos as fronteiras do bom senso.
Com rancor e sem empatia,
cultivaremos a distância das ideias
e criaremos raízes fortes.

Defenderemos quem nos ataca.
Faremos de amigos inimigos
e do presente um longo futuro.

Por fim, se farão cinzas
das fogueiras dos conflitos
e restará uma nação de aflitos.

(Fernando Fidelix Nunes)

sábado, 30 de dezembro de 2017

Diário: 04 de maio de 2011

4 de maio de 2011.

                Eu li na internet que para manter um hábito a gente precisa fazer uma mesma atividade pelo menos um pouco todos os dias. O hábito de escrever é complicado com a rotina que eu levo, ainda mais quando o Henrique me avisa no fim da tarde que vai trazer mais 3 amigos para comer aqui em casa. Mas a vida é assim... a gente sempre tem que dar um jeito para não ficar desajeitada.

Diário: 03 de maio de 2011

3 de maio de 2011.

                O povo daqui acha que almoçar em casa sai mais barato. Se soubessem do trabalho que é arrumar comida pra 4 pessoas e depois ajeitar tudo, não diriam isso. Catar feijão é um trabalho considerável pra se fazer pela manhã. Nessa hora, não dá nem pra assistir tv. Sempre que eu invento de fazer as duas coisas ao mesmo tempo eu deixo passar o que não deveria. Sem a tv, o problema é que eu fico pensando na minha vida. Como eu a deixei chegar nesse beco sem saída? Dizem que eu cuido bem da casa, dos filhos e do meu marido, mas e quanto a mim? Quando eu me preocupei de verdade comigo ou com o que eu gosto de fazer?
                Pena que as respostas às minhas perguntas não trazem consigo as soluções que preciso.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Poema "Fardo"

Segue um poema de um aluno que quis ficar anônimo.

Fardo

É melancólico quando se dá o ocaso.
Na solidão da noite
o peso reflexivo cai em nossa mente,
como pedras de granizo caem sobre o nosso corpo.

A reflexão se torna uma artrite,
fazendo-nos, nada obstante, claudicar.
Dizem que chorar alivia a dor da realidade concreta,
mas, de nenhuma maneira consigo chorar.

Será eu doente?
Se sim, doente de quê?
Preciso descobrir, antes que eu já tenha partido desta vida,
o verme que corrói-me interiormente.
Neste espaço em branco preencho de vômito a branca cor. Poder-se-ia, caso estivesse falando de mim,

Tenho sobrevivido com a angústia da reflexão preso ao meu âmago.

Dizem que em gramática tudo isso é emotivo.
todavia, falo deste sentimento presente assiduamente
no interior de cada um: A reflexão noturna.

Diário: 2 de maio de 2011

2 de maio de 2011

                A Giovana já acordou reclamando que o feriado devia ser hoje em vez de ontem. Pra ela, não adianta em nada um feriado cair no domingo. Ontem era o Dia do Trabalhador. Ela é dessas que pensam que feriado só serve pra gente descansar. Como eu fui deixar a minha filha ficar idiota desse jeito?! E ainda é professora! Imagina só o que ela deve ensinar de caráter pros filhos dos outros? “Trabalhar de sol a sol é um mal abominável! Esforcem-se ao máximo para não precisar disso na vida de vocês!”. É um erro que é tarde demais para se corrigir numa filha. Talvez com um neto eu acerte mais. Ele talvez não sinta nos ombros a responsabilidade de aguentar uma semana de trabalho sem ficar reclamando, igual essa geração besta.
***

                A gente sempre acha que merece mais da vida. Limpar o chão, cozinhar e lavar um dos banheiros não é bem o que eu esperava pra mim quando casei com o Henrique. Mas a vida é assim: uma correnteza que nos leva para onde ela quiser se não soubermos nadar bem. Chamam isso de destino. Acho mesmo é que é imperfeição nossa... pelo menos eu dei uma ajeitada boa na casa.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Prólogo do Diário e 1º de maio de 2011

Prólogo

                A curiosidade é a maçaneta de todas as portas.
             Eu andava pela 113 norte, que é parte do meu tradicional trajeto para o Parque Olhos d’ Água, quando vi um pen drive jogado no chão. De início, não dei muita importância a ele. Só achei um desperdício estúpido alguém jogar fora um pen drive. Afinal, tudo tem o seu valor em tempos de crise e o lugar de lixo é no lixo.
                Durante o restante do trajeto, não pensei mais no dispositivo. No parque, fiz minhas flexões de sempre e, em ritmo de trote, dei 3 voltas enquanto apreciava a paisagem natural do fim de tarde. Realmente, é uma benção ter um parque aconchegante do lado de casa. A natureza tem o poder de restaurar as energias e pontencializar o nosso espírito, especialmente o pôr do sol com seus raios parcialmente cobertos pelas nuvens – privilégio muito raro em nossas grandes cidades.
                No caminho de volta, topei com o pen drive de novo. Contudo, depois que passei dele, a minha indiferença foi substituída por uma curiosidade absolutamente irresistível. Será que ele ainda funcionava? Haveria ali alguma playlist interessante que poderia ser aproveitada? Será que o pen drive ocultava algum segredo íntimo ou era apenas um repositório de documentos desimportantes?
                O meu interesse por aquele objeto levou-me a voltar, quando já estava quase em casa, para pegá-lo. Assim que cheguei em casa, não fui tomar banho, como de costume. Inseri o pen drive no meu computador o mais rápido que pude para saciar a minha bisbilhotice clandestina.
                Existia apenas uma pasta chamada “Receitas”. Contrastando com o plural de seu nome, a pasta só possuía um documento, que fora intitulado “Frango ao Molho”. Achei o tamanho do arquivo muito grande para uma receita de frango, mas atribui esse fato a possíveis imagens que ilustrariam um prato tão trivial. Já decepcionado e envergonhado, resolvi abrir o documento para saciar por completo a minha curiosidade, da qual eu já sentia imensa vergonha, já que minhas expectativas me pareciam apenas um devaneio. Dessa forma, esperava, ao menos aprender uma deliciosa receita de frango capaz de substituir as minhas tradicionais lasanhas.
                Entretanto, ao abrir o documento, deparei-me com um diário com centenas de páginas. Absolutamente estupefato, fui constatando que estava diante do relato íntimo de anos da vida de uma alma perturbada. Confesso que minha atenção no restante da noite foi direcionada exclusivamente para aquele diário. Jornais, novelas, seriados e futebol ficaram em segundo plano naquele momento. Nenhum seriado ou novela havia sido capaz de deixar-me tão aficionado por um enredo.
                Não dormi naquela noite, devido à incontrolável vontade de saber o que havia em cada página. Era fascinante ler cada trecho. Sentia uma voz doce, mas abafada pelas dores da vida cotidiana narrar e refletir sobre tempos tão turbulentos para si e para o mundo à sua volta. Só interrompi a leitura para ir ao trabalho pela manhã.
                Confesso que não trabalhei direito no dia seguinte, devido ao sono e ao interesse em saber mais sobre aquele diário. Como sabia que iria dormir pouco ou até nem dormir, resolvi comprar umas três latas de energéticos para aguentar mais uma maratona de leitura. Por sorte, era véspera de um feriado prolongado, e consegui terminar de ler o diário antes de retornar ao trabalho.
                 Depois da leitura, fiquei preso a um questionamento: o que fazer com essa obra? Guardá-la para mim e fingir que nada aconteceu? Bem... esse foi o meu primeiro pensamento. Convenci-me de que, por ser um texto dela, eu não tinha o direito de mostrar a mais alguém e fiquei decidido por uma semana.
                Contudo, esta é uma das ideias que ficam alojadas em nossas cabeças esperando a melhor circunstância para agir. Uma semana depois, eu comecei a perceber as coisas de outro jeito. Será que, se eu mantivesse essa história em segredo, eu não iria me tornar cúmplice desse discurso que afronta a dignidade humana? Afinal, alguém que vê um abuso e fica inerte é tão culpado quanto. Assim como a luz do sol que inunda o céu, um novo mundo de possibilidades se abriu para mim. Os fatos narrados no diário íntimo podem fazer as pessoas pensarem no dia a dia mais sobre problemas arcaicos da nossa moderna vida privada e, de brinde, ainda produzirem uma retrospectiva a respeito dos últimos anos da vida brasileira – que viveu, por coincidência, seus anos mais perversos e complexos. Curioso ver que a lâmina da opressão foi penetrando e levando à agonia mais uma de suas vítimas à medida em que nossa nação caminhava passo a passo para amargurar os seus piores dias.
                Comecei a esquadrinhar uma alternativa. O ideal, sem dúvida, seria que a própria autora publicasse o seu texto, mas isso nunca ia acontecer. Nenhuma editora também permitiria a sua publicação sem a autorização da autora. Então, eu precisava de algum meio para atingir as pessoas. O caminho era botar o texto na Internet. Na Internet a censura é mínima, isto é, ninguém vai me impedir de botar algo na rede.  Descobri que o Fernando, meu amigo, tinha acabado de criar um blog literário. Passei-lhe o arquivo com o texto completo. Ele foi bastante receptivo com a ideia e me deu alguns norteamentos. Em vez de publicar o diário na íntegra, seria melhor se ele fosse disponibilizado aos poucos no blog. Afinal, esse povo de hoje tem preguiça de ler texto longo na internet e prefere ser “alimentado” por “pílulas” periódicas de arte. Só não em relação a seriados, que são merecedores de maratonas. Por fim, decidi que o melhor seria publicar este livro em formato digital para alcançar o maior número de pessoas até chegar à dona do diário e ela mesma revele os seus escritos anteriores e posteriores sobre sua vida.
                No fim das contas, talvez você me julgue por, clandestinamente, divulgar a vida íntima de alguém, ainda mais de uma mulher desconhecida. Mas o que você faria, no meu lugar, se estivesse diante do crime perfeito? Por pretextos éticos, você guardaria para si essa história? Deixaria sob as sombras o que merecia ser iluminado para que não se repita de forma sistemática e cínica em pleno Século XXI? Acha mesmo que o melhor caminho seria fazer comentários críticos a moralistas de quinta e divulgar reportagens sobre a violência contra a mulher para combater esse absurdo? Você conhece alguém que mudou de ideia sobre o machismo lendo reportagens ou comentários em redes sociais? Sou sincero em dizer que não conheço ninguém que passou por uma catarse após esse tipo de leitura. Ademais, as outras alternativas podem ser convincentes, mas pouco influentes na mudança de comportamentos nocivos à dignidade humana. Sejamos diretos: a mudança ideológica não é abrupta, é um processo de etapas rotineiras.


1º de maio de 2011

                Pesquisei na Internet e aprendi uma coisa interessante hoje. Quando a gente vai escrever o primeiro dia de cada mês, tem que escrever “1º” e não “1”. Não lembrava dessa regra da escola. Isso realmente vai ser útil pra mim, seja pra ensinar um futuro neto ou para continuar escrevendo de onde eu parei.
               É verdade que eu fiquei um tempo sem escrever. Prometi que não ia voltar, já que aconteceu aquela desgraça com meu diário anterior. Só que a vida segue e nossos bons hábitos também devem fazer o mesmo.
          Uma coisa que me animou a escrever de novo foi que hoje o falecido João Paulo II foi beatificado. Isso que era um homem bom! Não é igual a esse papa de hoje que não toca o nosso coração. Para serem lembradas, as pessoas devem tocar nossos corações não com protocolos, mas com ações rotineiras. Ele era um bom homem, falava com todos e sempre buscou a paz no mundo. Quando eu o ouvia, eu aprendia a perdoar. Nunca vou me esquecer da pomba demorando pra sair de perto dele num discurso perto da sua morte. Ele era cercado por uma energia divina!

                Bem... melhor eu voltar a escrever depois.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Poema CEANoite

CEANoite

Estudantes, docentes e toda gente
deram uma aula de como se fazer uma festa.
Depois dos protocolos,
saltos e bolsas foram guardados,
gravatas e paletós ficaram pelos lados,
e o salão se inundou.

Nessa noite, realmente multidisciplinar,
que só acabou com o sol,
celebramos nossa filosofia
pela sociologia do coração
com diversidade, amor e amizade;
a arte foi feita com o corpo
sem se prender a padrões,
algumas reações químicas entrelaçaram línguas,
sem cálculo de movimentos;
e, por fim, se fez uma história para ficar no coração.

(Fernando Fidelix Nunes)

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Poema Conjugação Global

Conjugação Global

Ipod tudo
Youtubespectador da vida
It'stressado com o mundo
Wespecular na bolsa
Yousos e abusos
Theytar sem dormir
(Fernando Fidelix Nunes)

Obs: A minha amiga Blenda Batista me ajudou muito nesse poema. Parte do crédito é dela.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Manifesto da Pena Capital

Manifesto da Pena Capital

                 A arte não deve ocupar espaços. Seu objetivo é ocupar mentes, corações e, principalmente, ações. A literatura, num contexto de masturbação ideológica, deve dar um freio brusco no seu ritmo incessante de satisfação inócua de nossas representações individuais da realidade e levar-nos a alcançar um horizonte capaz de trilhar um novo caminho para uma compreensão mais completa da circunstância em que vivemos coletivamente. Em vez da arte voltada para nossas vaidades e crenças de grupo, o que coloca cabresto no seu público que se vê quase obrigado a valorizar e consumir esse tipo de arte, iremos pensar naquilo que nos une na Babel off-line e virtual por que veiculamos nossos discursos diariamente.
  Nesse sentido, lutaremos por uma arte essencialmente universal. Em vez de nos fragmentarmos, vamos nos unir no que há de mais humano: a dor. A dor talvez seja o único elemento universalmente coesivo para juntar os cacos carcomidos de todos nós. Ela, em vez de ser a causa de várias doenças, pode se tornar a verdadeira panaceia se compreendida coletivamente.
    Esse pressuposto talvez seja o mais desafiador de todos até aqui, pois vivemos em tempos barrocos, isto é, os contrastes se amontoam diante de nossos olhos viciados em enxergar apenas o que acreditamos estar acontecendo. O tom satírico, desaforado e egoísta deixou de ser, para muitos, um recurso para passar a ser um fim em si mesmo da comunicação. Assim, devemos iniciar o rompimento dessa estilística frívola e ineficiente.
   Ainda sobre o aspecto universal de nossa arte, é importante destacar que ela não será desvinculada da realidade local. Afinal, na maioria das vezes, quanto mais regionais e nacionais somos – como Guimarães Rosa e Tolstói – maior é a chance de sermos universais; pois maior será a nossa busca pela essência humana. Acharemos em Brasília a essência que constitui a essência humana.
                Queremos uma Brasília que deixe de ser só capital administrativa da República, mas passe a ser o coração multicultural da nação que anseia por uma nova pulsação artística que vá além dos lugares-comuns de artistas sem furor. Não precisamos de artistas-zumbi que são aceitos por educação. São imprescindíveis obras de arte que ofereçam ao nosso povo uma catarse capaz de fazê-lo preferir uma boa leitura em vez de, por exemplo, novelas televisivas e seriados. Estes e aquelas são arte, obviamente, mas nós temos a ambição de superá-los na preferência do público, pelo menos uma vez por semana.
                Explodiremos os alto-falantes para acabar com o silêncio ensurdecedor da arte perante os mais diversos absurdos político-culturais. Exploraremos todo o potencial do vocabulário nesse quesito. As palavras são as maiores manifestantes da nossa realidade e da nossa vida. Ela, como já é defendido por muitos pesquisadores, ao mesmo tempo, molda a sociedade e é moldada por ela. Destarte, a palavra será muito bem cuidada por nós, o que não quer dizer mimada excessivamente por regras gramaticais.
                Precisamos deixar de ser meros covers programados para imitar a arte alheia disponível na Internet e nos tornar verdadeiros autores do nosso pensamento. A nossa ambição vai além de imitar clássicos ou medíocres. Nós podemos nos inspirar em outros artistas, o que é absolutamente recorrente, mas, se formos imitá-los em algum tema, será para superá-los.
                Que se dê ênfase às particularidades desta cidade, tudo bem, mas não iremos transformar isso no assunto maior de nossa produção nem o abordaremos só em sua parte central. Por que não falarmos dos problemas que se passam nesses lugares? Para que exaltar a beleza arquitetônica onde há uma profunda dor humana e problemas sem solidariedade? Por que fazer um jogo de palavras que faz rir os olhos, se podemos fazer uma composição para transbordar o coração? Será que lugares além do avião também não podem decolar a imaginação?
           Seremos adeptos do uso virtual da arte como mecanismo de divulgação. Com isso não queremos tirar dos leitores o prazer proporcionado pelo papel, mas apenas ampliar o horizonte da arte de forma consistente. Queremos entregar a arte no dia a dia de todos, isto é, ler um poema ou um conto será tão natural quanto ver a foto de alguém curtindo uma praia no feriado e (por que não?) publicar um texto literário será tão comum quanto publicar uma foto descontraída.
                O bom-humor é uma dádiva quando é usado adequadamente, o que não quer dizer o mesmo que politicamente correto. Só queremos rir e fazer rir sem cometer crimes dolosos ao patrimônio público, individual, coletivo, cultural, sexual, econômico, social, virtual, futebolístico, animesíaco, marvelítico, cinematográfico, público de novo, infantil, idoso, LGBTístico, papelístico, eurocêntrítico, latinítico, brasileiro, acreano, candango, paulista, mineiro, carioca, ibísitico e multiculturalítico – palavra que serve para incluir todos os outros, que não chamaremos de resto para não ofendê-los. Inclusive, queremos usá-lo como meio de críticas sutis e, aparentemente, desinteressadas.
         Vale ressaltar que não valorizaremos só a arte literária. Tentaremos reunir a fração da inteligência candanga que quiser se unir a nós nesse processo. Mas não falaremos aqui dos objetivos del@s, já que isso cabe a eles.
                Enfim, esperamos que gostem deste rascunho do que será a nossa arte.
                Assinado por: Fernando Fidelix Nunes

Obs: O texto era para ser assinado também pelo Renato, mas quando eu lhe mostrei, tive como resposta que estava bom e que deveria ser assinado só por mim. Afinal, um artista de caráter não suporta receber crédito indevido.


domingo, 26 de novembro de 2017

Poema "Líquido Moderno"

Líquido Moderno

Sou filho do caos e do egoísmo
Sou fruto do consumo sem deboísmo
da vontade do poder acima do compromisso com o dever

Nascido na querolândia da solidão
Voo pela estrada na contramão do bom senso
Vou pra terra de ninguém
na divisa do mal com o bem
Sem saber quem vai me informar onde vai acabar

Na circuntristeza do líquido moderno
Encontro alívio num velho caderno
Cheio de traduções da vida em versos.
(Fernando Fidelix Nunes)