(Ilustração feita por Enthony Keven exclusivamente para este blog)
1º de maio de 2012.
Voltei
ao início do meu diário. Voltei a escrever um ano atrás. Pelo menos hoje foi
feriado para a Giovana. Ela e meu filho fizeram o que eles chamam de “morgar”.
Que expressão esquisita da minha família. Ficar falando esse tipo de bobagem
para eles é uma espécie de libertação. Engraçado como as pessoas se libertam
com qualquer coisa que vem na boca. Eles não mudaram em nada. Estão em
trabalhos inúteis e fazendo muita brincadeira para se divertir. Eles têm um
espírito de Peter Pan misturado com toques amorosos Malhação.
No
fundo eu acho que tudo muda para não mudar nada. A minha relação mesmo com a
minha família não tem nada de novo há muito tempo. Se tudo estivesse bem, que
bom, mas agora as coisas andam numa mesmice tediosa aqui em casa. Pra ser
sincera, só sinto emoção quando vou à padaria ultimamente. O coração tem desses
rompantes platônicos.
Voltei
a ler. Só que dessa vez reli o Carlos Drummond. Pena que não se escreve mais
tão bem assim hoje em dia. Ele tem um poema que ele fala da pedra. Sim, uma
pedra no meio do caminho toma conta do seu universo. Ele fica abstraído na
pedra. A Giovana falou que ele falava esse tipo de coisa para criar muitos
sentidos e chegou a dizer que era só uma pedra que ele viu e escreveu um poema
que todo mundo adorou muito tempo depois que só falou depois. Na época ela foi
tratado como um maluco. Eu queria ser uma maluca inteligente assim.
Se
bem que a loucura é uma coisa boa às vezes.