quinta-feira, 30 de abril de 2020

Conto Flor do Cerrado

Flor do Cerrado




O sol nasceu no início da minha caminhada pelos canteiros do Eixo Rodoviário Norte. O céu sem nuvens me deixa animado. A boa claridade indica lindas fotografias. Avistei o conjunto de pés de sapucaias frontal à SQN 110. As belas flores e, principalmente, o marrom brilhoso das folhas novas mostram as sapucaias no auge de sua beleza. 

Ao me posicionar para fotografar uma sapucaia, notei um casal fazendo o mesmo em outra sapucaia. A beleza da mulher me sensibilizou e me aproximei. Meu esporte predileto é olhar mulher bonita.  O rosto do homem me pareceu conhecido. Em alguns segundos reconheci-o. Era Urias. Fazia mais de trinta anos a última vez que o vi. Fomos colegas de escola por três anos seguidos.  Mudou de Brasília para São Paulo aos dezessete anos e perdi o contato. Fazia muito sucesso com as garotas. Hoje, na meia idade, parece um de galã de Hollywood. O pai era um pastor evangélico em ascensão e tenho notícias que pertence à alta hierarquia de um poderoso grupo religioso. Sei também que Urias migrou para os Estados Unidos ainda muito jovem. 

Tenho antipatia por evangelizadores protestantes. Sempre me abordam com as irritantes frases: “qual sua religião”? “você acredita em Jesus Cristo como o Salvador filho de Deus”? Eu respondo para chocar e cortar a conversa que sou umbandista e meus santos favoritos é o Zé Pilintra e o Exu Ventania. Urias era diferente, eu admirava seu carisma, empatia e palavras bem colocadas ao investir para conquistar adeptos à sua igreja.

A intolerância dos evangélicos com os umbandistas e com os santos católicos é compreensível porque são seus concorrentes no seu principal atrativo: as práticas de curas milagrosas. E, afora os santos, nessa pauta, ao menos aqui em Brasília, os umbandistas são pioneiros. Meu pai conta que nos primeiros anos da nova capital as igrejas evangélicas eram raras e os terreiros de umbanda numerosos e se ouvia por toda parte o melodioso rufar dos tambores aos finais de semana.

Aproximo-me do casal e tentando não ser caricatural, imito solenemente Urias evangelizando:

– O senhor me desculpe, mas não poderia deixar de falar-lhes, enxergo, junto ao seu corpo, uma poderosa aura. Essa energia divina compete com o brilho e beleza das sapucaias. Harmoniosa representação da paz e com certeza tem capacidade de curas. Nossa igreja será privilegiada e os cultos engradecidos com sua presença.

(Sapucaia)

Urias e a mulher me olham com ar de surpresa. 
Imediatamente procurei um cartão avulso na minha carteira, lhe entreguei e disse:

– Meu nome é Urias e no cartão se lê os horários dos cultos e o endereço da nossa igreja. 

Tirei o boné para ver se ele me reconhece.

– Vagner Marinho, sempre zombador! – disse Urias bastante surpreso.

– Engano seu, você é meu ídolo. Desculpe-me se não lhe agradei com meu desempenho de  canastrão. Digo-lhe mais: a única igreja de “crente” que frequentei foi a sua – respondi de forma efusiva.

Urias replicou:

– Sua fé não existia. A razão de sua presença na igreja era a paquera de garotas. 

– Também só tinha moças bonitas! Uma pena que a sua família mudou, meu sonho de namorador era esperar sua irmã, na época com doze anos, completar quinze. 

Urias sorriu e desconversou:

– Após mais de trinta anos sem lhe ver, sempre me lembro de você.  Espero que enfim reconheça que fui o mais eficiente conquistador do Colégio Leonardo da Vinci.

- Admito que você fosse o mais enxerido.

Sorrimos e ele me apresentou a sua acompanhante:

– Esta é a Fernanda. Também chamada de Flor-do-Cerrado.

– Ele continua oferecido às mulheres. E minha aura tem algum destaque? – ela perguntou com curiosidade  para mim.

– Três belas cores formam sua aréola: a amarela do ipê, roxa do cega-machado e azul do jacarandá-mimoso. Olhe as flores daqueles espécimes e confira sua aura. O amarelo representa espírito de aventura, o roxo, sublime sensualidade e o azul, amor à liberdade. 
         

(Ipê-amarelo)


(Cega-machado)


                                                 
(Jacarandá-mimoso)

Fernanda com um sorriso ambíguo respondeu:

– Soou piegas. Porém, gostei do colorido. Vamos fotografar as belas floradas com as cores da minha aura.

Fernanda se afasta procurando posições para melhor fotografar.

– Essa grande mangueira é aquela de copa fechada e fácil de subir onde a gente fumava maconha?  E você ainda fuma erva? – perguntou-me discretamente Urias.

– Sim, é aquela que nos servia de fumódromo. Parei de fumar maconha. Foi peraltice da adolescência. 

- Acredito. Agora, conheço duas pessoas que fumaram a erva e deixaram: você e Gilberto Gil – respondeu com profunda ironia.                

– Porém, se você quiser, eu consigo maconha de boa qualidade. Tenho comigo dois baseados. Vamos ao cerrado da 613. Tenho que fotografar umas flores e o local é discreto. Dá para ir a pé. Mas, acho melhor irmos no meu carro – propus.

Urias se aproximou de Fernanda e disse:

– Meu bem! Achei a maconha!

Seguimos até a CLN 413 e estacionei junto ao portão de entrada do Parque Olhos D’Água, atravessamos a L2 Norte. Peço que me aguardem na margem da avenida. Farei uma ronda no local como medida de segurança. Nas moitas de coco-babão, podemos encontrar acampamento de sem tetos. Hoje a barra está limpa. Aceno para que venham a mim.  Chegamos ao lugar; um pedaço de cerrado queimado há um mês.  Quem não conhece o Cerrado, não acreditaria que, nesse exíguo tempo pós-incêndio, surgiria tantos brotos e flores.   O Cerrado é como fênix.
















  



Urias, então, começou a desabafar:

– Em San Francisco, eu fumo e compro maconha sossegadamente. O Brasil adora ficar a reboque em questões de progresso. Vale lembrar que foi o ultimo país das Américas a acabar com a escravidão. Também podemos relacionar as políticas públicas erradas nos primórdios da informática e agora a mesma ignorância com a maconha. Enquanto países progressistas liberam o consumo recreativo e medicamentoso, bem como investem em pesquisas, no Brasil reina o atraso representado pela política de repressão. Não tenho dúvidas: a liberação da droga seria a redenção econômica da região Nordeste; lá tem potencial de produzir maconha de excelente qualidade com pouco investimento. Até hoje sinto saudades da variedade rabo-de-raposa, produzida na região de Cabrobó em Pernambuco que chegava a Brasília na década de noventa.  

– Li uma entrevista com um agricultor de Salgueiro, preso pelo crime de plantar maconha para vender. Ele disse que há três anos plantou feijão-de-corda. Foi uma grande safra em que não colheu nem a metade; a colheita não compensava devido aos preços baixos - dava de graça para colherem e ninguém queria. Já com a maconha foi diferente: o traficante forneceu sementes e financiou todas as etapas da produção e a comprava. Contemporizando os preços: o saco de 60 kg de feijão-de-corda valia R$ 20,00 e 1 kg de maconha ele entregava a R$ 100,00. Ele ainda disse que depois de solto iria para São Paulo, porém, sem dúvidas, o traficante encontraria outra pessoa para plantar. É assim também com a venda da droga ao consumidor- o traficante é preso ou morto, imediatamente alguém o substitui. Se vive sem pai e mãe, no entanto não se vive sem dinheiro. Com a legalização recreativa da maconha, tenho certeza, o tráfico diminuiria mais de oitenta por cento e, por conseguinte, a retração radical dos bárbaros homicídios. Quando o viciado em maconha vai comprá-la quase sempre o traficante repassa outras drogas mais viciantes e de efeitos degradantes. A repressão do estado ao consumo de maconha está empurrando boa parte dos nossos jovens ao precipício. Considero Latrocínios, execuções de devedores e de rivais bem como roubos em geral arrolados ao tráfico uma pandemia no Brasil. As milícias formadas ou comandadas por policiais ou ex-policiais foram fortalecidas economicamente pelo tráfico e tomaram conta de cidades que não sejam tão pequenas em que todos se conhecem ou tão grandes onde há dificuldade no controle. Essas milícias assassinam e roubam impunemente e sem importunação; são infiltradas nas igrejas e nos poderes judiciário, executivo e legislativo. Nessas cidades dominadas, afora os cidadãos poderosos, se um morador tiver dinheiro ou joias guardadas em casa, fatalmente será assaltado pelos bem informados milicianos. As milícias se acham donos da cidade. E, de fato, são! A democracia brasileira já não existe em muitas cidades, pois o poder efetivo é das milícias. Os outros poderes são cúmplices ou omissos por covardia. Constrangedor, deprimente e ridículo: um comandante de um Batalhão da PM, de uma dessas cidades dominadas por milícias, postou um vídeo defendendo e justificando uma chacina onde foram mortos cinco jovens por subordinados em que era obvio uma queima de arquivo.  

Depois do meu comentário, ofereci colírio para usarem antes de fumar o baseado: qualquer contratempo pode-se descartar o cigarro, porém a terrível marca dos olhos vermelhos ninguém se livra. Tanto faz usar colírio antes ou depois de fumar, o efeito é o mesmo.

Forneci a maconha e a seda a Urias. Ele deve conservar o admirável talento de enrolar cigarros: preparava a seda e botava dependurada na boca, esfarelava a pedra na mão esquerda e em movimentos rápidos enrolava o baseado e o colava com saliva. Mesmo sem pilar o baseado ficava em formato perfeito, boa carburação, nunca subia jacaré e nem abria.


– Faça o baseado com a toda maconha. É para três e eu sou cabeção – orientei.

Peguei uma enxada que escondo em uma moita de coco-babão e comecei a capinar braquiária. Essa área tem grande produção de flores porque ainda sobrevivem algumas espécies de gramíneas nativas que dificultam a total colonização do terreno pela braquiária. Existem dezenas de fitofisionomias clímax no bioma Cerrado e quero formar mais uma. A braquiária é a carrasca do cerrado. O fogo é benéfico ao Cerrado em área sem infestação da braquiária, com a maldita invasora o incêndio é potencializado e se repetido anualmente raleia o local de espécies e espécimes nativos. A prioridade das autoridades em evitar incêndios no Cerrado é um erro obvio. Nunca se impedirá um incêndio em área de cerrado por longo tempo. Quanto mais tempo durar uma área sem incêndio mais destruidor será quando acontecer uma ocorrência. O fogo e o cerrado convivem em regime de mutualismo. As bases à existência de vegetação rica em espécies endêmicas do cerrado são duas, sobretudo: a ocorrência de incêndios em intervalos normais e a alta acidez do solo. O fogo molda e conserva as fitofisionomias do Bioma Cerrado em estágio clímax. As matas ciliares da região do Cerrado são formadas em solos eutróficos; por isso, nessas matas, inexistem espécies endêmicas características do Cerrado. Nas formações clímax florestais do bioma os incêndios são raros e de pouco alcance.  O cerradão é uma fitofisionomia em que as espécies endêmicas do bioma estão em decadência, e, que as espécies comuns á Mata Atlântica e à Amazônia estão a invadir a área. Tudo indica que, naturalmente, em escala de tempo geológico, a vegetação endêmica do Bioma Cerrado está em extinção. Grandes distúrbios tal fogo demais, fogo de menos, desmatamento e formação de voçorocas fazem cerrado stricto sensu perder a condição clímax e nunca mais retornar ao status original. Uma voçoroca, em estágio de estabilização, aberta ao meio de um cerrado stricto sensu é logo colonizada por espécies não endêmica do bioma. 

– O baseado está pronto – avisou Urias.

– Vamos fumar na sombra daquela cagaiteira. E, por favor, quem estiver fumando não fale: o conversador atrapalha o bom andamento da roda – alertei.



(Cagaiteira)

Terminado o baseado, pedi-lhes que me acompanhassem até um pé de erva-cidreira-do-campo.

– Vamos fotografar a beleza deste espécime – disse eu. 


erva-cidreira-do-campo


erva-cidreira-do-campo


folha seca da erva-cidreira-do-campo

Pego um molho de flores, mastigo uma parte e com resto esfrego nas mãos e no rosto. Peço para o casal fazer o mesmo, no intuito de diminuir o odor da maconha. Procuro folhas secas da erva-cidreira-do-campo no chão, de tão bonitas parecem joias. 

Encontro duas; uma pequena e outra maior e a entrego a Fernanda. Ela fica encantada. Comemos duas espécies nativas de frutas da época: murici-rasteiro e araçá-do-campo. O casal aprovou os sabores, especialmente o do araçá.

Convido-os ao comércio da CLN 413 para tomar água de coco e sorvete. Já são dez horas e o calor aumenta.

Chegamos ao portão de entrada do Parque Olhos D’água onde tem um ponto de água de coco e falo:

– Peçam a água enquanto pego minha carteira no carro.

Quando estou voltando vi um homem, armado com uma pistola, aos gritos:                                                      

– Saia da frente desse patife, piranha! Não lhe mato por nossos filhos. Não os quero com a mãe morta e o pai na cadeia... Mas, esse traidor vai morrer agora. Ele usou da sua influência para me afastar do Brasil em missão da igreja.

– Não faça isso David. Gritou Fernanda.

Por instinto, aproximo-me rapidamente do agressor e dou um murro na sua cabeça. O golpe foi falho e ele se volta para mim e atira. Senti que fui atingido no braço e corro em zigue-zague  para o comércio. Olho para trás e noto Urias correndo ao portão do parque e o marido de Fernanda o procurando. Até onde vejo, ele não acertou Urias. Tenho sensação de desmaio e peço a Fernanda, que se aproximou de mim, que me leve ao Setor Hospitalar Norte, onde existem hospitais que atendem pelo meu convênio de saúde. Nem por isso perdi o bom humor e exclamei:

– Um romance em que Urias rouba a mulher de David nunca poderia dar certo!

Fernanda sorri.  

O médico indica cirurgia e me encaminha ao centro cirúrgico. Fernanda me acompanha. Operam com anestesia geral. Quando acordo da anestesia, Fernanda ainda me acompanha. Peço notícias de Urias. Fernanda diz que ele escapou ileso e que o pai dele, Pastor Elias, está aguardando autorização médica para me visitar antes do meu depoimento à polícia. 

O Pastor entra e Fernanda sai. Após palavras de conforto ele propõe que eu assuma a versão de um mal entendido entre eu e David, descartando o envolvimento de Urias e Fernanda. E, que eu serei bem gratificado monetariamente. Penso: estou falido e acho que vou aceitar a proposta. Se fosse eu ainda jovem e inexperiente, para justificar a minha falta de caráter, contaria a verdade sobre minha situação financeira. Porém, vou negociar para conseguir o maior valor possível e falo:

– De um ato heroico que pratiquei em que provavelmente salvei a vida do seu filho, tive um ferimento grave e passar a ser criminoso é uma situação complicada. Porém, todo homem tem seu preço. Qual o valor?

De pronto ele me faz uma proposta irrecusável e no mesmo momento telefona ao seu banco e autoriza a transferência à minha conta corrente.

À polícia contei que foi uma briga de trânsito. Tal como combinado com o pai de Urias.

Meus pais chegam logo depois da polícia. Apresento a Fernanda como a pessoa que me socorreu. Fernanda diz que precisa ir embora, anota meu telefone e diz que acompanhará meu caso.

Fiquei em casa de repouso por uma semana. No oitavo dia depois do incidente, Flor do Cerrado me telefona. Pergunto de qual flor do cerrado ela quer ser chamada e sugiro: caliandra ou lírio-do-campo? 


Caliandra

Lírio do campo

Marcamos um encontro. Também me enviou uma foto montagem: ela nua, de costas, com uma aréola das flores que fotografou no maldito dia. Respondi: muito linda!!!

Como o assinalado, está ela à minha espera. Primeiramente me informa que Urias foi para os Estados Unidos, David foi para São Paulo levando os dois filhos e não teve ainda contato com nenhum dos dois. Que esteve ontem no Jardim de Alessandra com dois amigos para “falar com seu João”. 

E me pergunta quem é Alessandra. Digo-lhe que dei o nome ao jardim em homenagem à minha falecida esposa. Conto-lhe que perdi Alessandra em acidente de carro em que atropelei um cavalo em uma noite chuvosa e o animal caiu no para-brisa, matando-a. Tive apenas ferimentos leves. Só não me matei na hora devido ao nosso filho. Eu não queria viajar, pois sabia dos perigos da estrada em uma noite dessas. Ela insistia porque queria ver o nosso filho que ficara com os avós maternos. Nunca me perdoei por não ter sido mais enérgico e não viajar.

Flor do Cerrado me mostra uma fotografia que bateu ontem e diz:  

– Quero que me chame pelo nome desta flor.

Identifico a flor e lhe falo:

– É uma espécie, nativa do Cerrado, miniatura do jacarandá-mimoso, representante azul da sua aura. O jacarandá-mimoso é também chamado de caroba e a espécie da fotografia é conhecida como carobinha. 

– Estou batizada – confessou-me. 


Carobinha


Bebo uma cerveja ela um suco. Convido-a para um encontro com “seu João”. Entramos no meu carro. Peço para ela assumir o volante e acendo o baseado. Enquanto fumamos a maconha pergunto se ela quer almoçar e qual restaurante. Ela aceita e diz para eu escolher um lugar discreto. Sugiro um motel e ela sorri.

Ao entrar no quarto começamos os amassos. Partimos ao coito. A certo momento lhe digo que estou quase ejaculando e sugiro que eu deixe a penetração na vagina e encoste o pênis no seu ânus. Quero masturbá-la. Para mim o homem ejacular antes do orgasmo da mulher é um erro fatal. É o chamado mela buceta.  Peço para penetrar a cabeça do pênis e ela me fala:

– Eu não queria dar cu, mas como já está nas beiradas pode enfiar. Porém lembre-se: pica tem cabeça, mas não tem ombros. Sua pica é muito grande e eu não quero ser arrombada. Espero que você controle a penetração porque eu com a volúpia que estou, transformo-me numa tarada inconsequente.

Respondo: 

– Acho melhor usar a técnica da rodilha de pano ao redor do pênis para fazer a função dos ombros. Não sou sádico. Assim vamos garantir uma foda sem machucados.

Faço uma rodilha com uma toalha, o que assegura uma penetração rasa.

Ela com a voz luxuriosa: 

– Meu amor! A solução é genial. 

Aos quinze dias depois do tiro, o ferimento já não atrapalhava mais. Pedi férias no trabalho para ficar com Carobinha. Onde tinha turismo ecológico com hospedagem confortável ao redor de Brasília, nós frequentamos. Duraram uns vinte dias nossa lua de mel. Gastei uma pequena fortuna.

Ela é uma excelente cantora. Toca e compõe ao violão. Quando ela conheceu o marido era uma grande promessa da música gospel. Teve dois filhos com diferença de menos de um ano entre os dois. Teve que parar a carreira, pensando que recomeçaria quando os filhos crescessem um pouco. Porém, o marido não aceitava sua volta à vida artística.  E o amor que sentia por David transformou-se em ressentimento.

Quando ela desceu do táxi para entrar no meu carro, senti que algo diferente estava acontecendo.

Carobinha foi logo dizendo:

– Estou sentindo muita falta dos meus filhos. David me telefonou afirmando que me perdoa, que vai aceitar e até me ajudar à minha carreira musical. Sentirei saudades suas. Voltarei para minha casa ainda hoje.



Conto e fotos de João Aleixo