(Ilustração feita por Enthony Kevin exclusivamente para este blog)
5 de dezembro de 2011.
A gente começou esta semana sabendo que o
Natal vai ser na casa da Dona Aurora. Isso não é nenhuma novidade. Uma vez
tentamos organizar aqui em casa isso, mas não deu muito certo. Anda chovendo
tanto aqui, que parece que o céu está derramando as lágrimas do meu coração.
Mais um ano sem sentido se passou para mim. Pelo menos eu vi o Daniel
melhorando um pouco, mas não vai ser nada demais no fim das contas. Se a Rayane
largar o meu filho, eu não sei o que vai ser dele. Eu lembro dele dizer uma
palavra bem engraçada pra quando ia fazer bobagem: despirocar. Como pode esse
povo falar cada palavra horrorosa dessas. Mas o erro foi meu que não bati o
suficiente no meu filho.
Eu
vou acabar tendo que ir no Conjunto Nacional com o Henrique para comprar
algumas coisas para a família. Andar no Conjunto nessa época é como passar por
um museu de grandes novidades, como dizia o Cazuza. A gente consegue perceber
na hora de fazer compras como o mundo ao nosso redor é. As pessoas parecem que
se moldam na hora de comprar as coisas. É impressionante como tem coisas que
não mudam nunca. Disco “novo” do Roberto Carlos e produto da Xuxa para crianças
é o que não falta. O Roberto Carlos ainda vai porque ele compôs muita coisa
boa, mas a Xuxa não dá para engolir.
Nos
meus mais de 50 anos de vida, eu não vi até hoje uma pessoa dizer que a Xuxa
canta bem. Como pode o nosso país se pautar pela mediocridade desse jeito. Colocaram
a Xuxa e usaram ela de todo jeito para ganhar dinheiro. Música infantil,
programa de auditório, filme, seriados infantis e tudo que a gente puder
imaginar a Xuxa já fez. A culpa é dela? Claro que não! É do próprio povo, que
gosta de enaltecer pessoas sem talento. Às vezes parece que as pessoas vivem
critérios pelo avesso: quanto pior a qualidade, maior o valor e o prestígio. O
que mais a gente pode esperar de um povo que enaltece isso? Só existe gente
idiota e medíocre com prestígio porque existem pessoas tão medíocres quanto
elas para gastar dinheiro com isso, principalmente na época de Natal. A nossa “presidenta”
é um outro exemplo disso.
Agora
vai ser muito bom comprar umas coisinhas para mim. Ando precisando, como dizem
na televisão, dar uma repaginada em mim. O Natal é a melhor época para mudarmos
por fora quem somos por dentro. Melhor dizendo: é a melhor época para
praticarmos o fingimento. Acho que vou até fingir que aceito o William do jeito
que ele se autointitula: Alana. O fingimento no Natal é como um pacto da
falsidade para tentar mostrar ao mundo que nosso lado mais obscuro pode ser
iluminado pelo nascimento de Cristo. Para a maioria das pessoas, Cristo está
muito mais nas palavras do que no coração e parece que ultimamente quanto mais
as pessoas usam Cristo em suas palavras, mais pilantras elas são. A minha
dúvida é: o que Cristo diria de tudo isso? Só Deus sabe!
(Esta é uma obra de ficção criada por Fernando Fidelix Nunes exclusivamente para este blog)
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