sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Diário: 4 de setembro de 2011

(Ilustração feita por Enthony Vieira exclusivamente para este blog)

4 de setembro de 2011.

No feriado de quinta vai ser o aniversário do Daniel. Ele está pensando em chamar os amigos dele aqui por volta das oito da noite. Ele gosta de se gabar e dizer que o dia em que ele nasceu é tão importante que é dia de feriado. Dona Aurora queria até que ele comemorasse na casa dela, mas ele vai sair com o bonde dele para a Chapada e curtir o feriado prolongado. Acho que ele não vai nem saber o que está fazendo.

Sexta, depois que eu e o Henrique compramos uma calça e uma camisa para o Daniel no Conjunto Nacional, um presente de cada um, nós encontramos na Praça de Alimentação o Anderson e a Lúcia. Brasília é assim mesmo: uma cidade grande em que se esbarra com uma pessoa conhecida a cada esquina (como se Brasília tivesse esquina). A gente só ia pegar uma casquinha, mas, por conta da situação, o Henrique decidiu que era melhor comer comida japonesa. Incrível como a gente faz cada coisa para parecer bem. Eles comentaram que o Renato e o Roger estão se dando melhor depois do suicídio do Reginaldo, pai deles. O que a gente tinha mais em comum era a frustração dos nossos filhos. O André, filho deles, não vai fazendo nada de decente da vida. Diz que anda procurando algum negócio para empreender, mas no fundo eles sabem que ele não quer nada. Já tentaram psicólogo e tudo o mais. Quando a pessoa é acomodada, ninguém muda o caráter dela. Foi um papo de mais ou menos uma hora. Foi bom até sair da rotina assim. Até esqueci que eu tenho que cozinhar a semana inteira em casa. A vida é assim mesmo.

A Giovana está com medo de ser dispensada do colégio dela. Ela disse que vários professores vão tomar posse nesta semana e ela, como temporária, vai ser dispensada. Quem mandou ela não estudar o suficiente né? As coisas são complicadas mesmo. E pra ela conseguir algo na iniciativa privada é impossível agora. O jeito é ela ficar estudando para concurso público. Se bem que esse governo está segurando tudo que é concurso público. O povo votou na Dilma pensando que ia ter um monte de concurso público. É... campanha é uma coisa, o dia depois da posse é outra.

Sinto-me um pouco melhor. Meu coração ficou realmente reconfortado com o imprevisto. Acho que devíamos convidar mais gente aqui pra casa. Se bem que foi meio ruim querer comprar algumas coisas para mim e o Henrique dizer que início de mês é ruim para comprar as coisas.

(Esta é uma ficção criada por Fernando Fidelix Nunes)

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