(Ilustração feita por Leonardo B. Ferreira exclusivamente para este blog)
29 de setembro de 2011.
A
Giovana finalmente começou a pegar em apostila para estudar. Ela disse que vai
estudar para o concurso do TSE para tentar um cargo igual ao do pai dela.
Antigamente era fácil conseguir as coisas aqui em Brasília. Se você fosse amigo
das pessoas certas então nem se fala. Hoje está bem mais difícil da pessoa
conseguir qualquer coisa. Tem que ralar muito e ser bem inteligente, duas
coisas que não combinam com a minha filha.
Agora
difícil mesmo é aguentar a Dilma. Esses dias ela discursou na ONU. Fizeram a
maior propaganda por ela ter sido a primeira mulher a abrir uma Assembleia
Geral da ONU. Ficou tentando falar umas coisas difíceis de entender sobre Palestina
e Israel. Ela já fala de um jeito confuso e vai falar de um assunto que todo
mundo vê no jornal e não entende. Ela se encheu de si porque foi a primeira
mulher a abrir. Ela só se esqueceu de falar que ela chegou lá pelo dedo de um
homem mais do que pela própria força. É triste ver isso: a pessoa se cresce
toda na hora de se mostrar, mas no fim só está lá pelo dedo do homem. Nem assim
a gente consegue ser totalmente independente. É uma independência dependente
demais. É como se dissesse sem dizer: “mulheres, conseguimos a nossa
representatividade e nossa força pelo poder de um homem”. Nesse país as coisas
são incompreensíveis para qualquer um. Por isso, dizem que o país não é sério
mesmo.
Este
mês eu escrevi muito pouco. Tomara que eu escreva mais depois. Esse mundo anda
me tirando toda a vontade. Às vezes eu confesso que eu penso em me matar e
acabar com isso, mas também vejo que não ganho nada me matando. Vou fazer o
que? Os outros sentirem-se culpados? Culpa não serve para nada na vida das
pessoas. A culpa é igual a uma nota de 100.000 reais: parece ter um valor muito
alto, mas no fim não vale nada por não existir.
O
Daniel pelo menos teve uma semana de sossego. Não consigo imaginar o que
aconteceu para ele ficar quieto um tempo.
(Esta é uma obra de ficção escrita por Fernando Fidelix Nunes para este blog)
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