(Ilustração feita por Leonardo B. Ferreira exclusivamente para este blog)
5 de outubro de 2011.
Hoje
aconteceu uma coisa bem curiosa comigo. Eu me olhei no espelho e vi uma Márcia
desfigurada. Foi questão de milésimos de segundos, mas eu me vi deformada. Meu
rosto estava derretendo, mas meus olhos estavam no lugar. Percebi meu cabelo
arrepiado e totalmente branco. É como se eu tivesse visto a cara da morte na
minha frente me chamando para o inferno. O banheiro também estava diferente. Em
vez da cor branca, estava totalmente escuro. Quando pisquei o olho, tudo voltou
para o normal. Foi muito esquisito.
Dia
17 é aniversário do Henrique. A gente ainda está vendo se vai lá na casa da
dona Aurora, minha amada sogra. Com o tempo a gente perde a vontade de
comemorar o tempo que passa. O tempo passa a ser um problema e não uma dádiva.
Eu lembro que quando eu fiz 20 anos eu fiquei muito orgulhosa de mim. Eu me
olhava no espelho e gostava de mim de verdade. Hoje eu me olho do espelho e
vejo alucinação. Como as coisas mudam!
A
Giovana começou a ficar à toa de novo. Ela disse que ia pegar forte nos estudos
e tal. No começo até estava assim, mas agora fica até tarde conversando e até
batendo boca com o namorado argentino dela e fica acordando dez e meia. Tem dia
em que ela nem toma café da manhã. Se a gente soubesse o caminho que nossos
filhos vão seguir na vida, a gente mudaria tudo que fizemos no passado. Pais e
mães não têm bola de cristal para compreender como as coisas vão terminar. Isso
é uma verdadeira lástima.
Esses dias eu
me fiz uma pergunta: por que Deus fez o mundo tão imperfeito? Isso não tem
realmente resposta. As pessoas simplesmente vivem as suas vidas e não se
preocupam com as imperfeições do mundo. Elas passam a vida sofrendo com elas e
não mudam a realidade que as cerca. Isso é tão doloroso de se pensar.
O Daniel parece que arrumou uma namorada que
colocou limite nele ou o fez criar os seus próprios limites. Relacionamentos
são assim mesmo, nos dão os limites. Só que eles podem ser certos e errados,
dependendo do que nós somos e queremos.
(Esta é uma obra de ficção criada por Fernando Fidelix Nunes)
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