sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Diário: 5 de outubro de 2011

(Ilustração feita por Leonardo B. Ferreira exclusivamente para este blog)

5 de outubro de 2011.

Hoje aconteceu uma coisa bem curiosa comigo. Eu me olhei no espelho e vi uma Márcia desfigurada. Foi questão de milésimos de segundos, mas eu me vi deformada. Meu rosto estava derretendo, mas meus olhos estavam no lugar. Percebi meu cabelo arrepiado e totalmente branco. É como se eu tivesse visto a cara da morte na minha frente me chamando para o inferno. O banheiro também estava diferente. Em vez da cor branca, estava totalmente escuro. Quando pisquei o olho, tudo voltou para o normal. Foi muito esquisito.

Dia 17 é aniversário do Henrique. A gente ainda está vendo se vai lá na casa da dona Aurora, minha amada sogra. Com o tempo a gente perde a vontade de comemorar o tempo que passa. O tempo passa a ser um problema e não uma dádiva. Eu lembro que quando eu fiz 20 anos eu fiquei muito orgulhosa de mim. Eu me olhava no espelho e gostava de mim de verdade. Hoje eu me olho do espelho e vejo alucinação. Como as coisas mudam!

A Giovana começou a ficar à toa de novo. Ela disse que ia pegar forte nos estudos e tal. No começo até estava assim, mas agora fica até tarde conversando e até batendo boca com o namorado argentino dela e fica acordando dez e meia. Tem dia em que ela nem toma café da manhã. Se a gente soubesse o caminho que nossos filhos vão seguir na vida, a gente mudaria tudo que fizemos no passado. Pais e mães não têm bola de cristal para compreender como as coisas vão terminar. Isso é uma verdadeira lástima.

Esses dias eu me fiz uma pergunta: por que Deus fez o mundo tão imperfeito? Isso não tem realmente resposta. As pessoas simplesmente vivem as suas vidas e não se preocupam com as imperfeições do mundo. Elas passam a vida sofrendo com elas e não mudam a realidade que as cerca. Isso é tão doloroso de se pensar.

O Daniel parece que arrumou uma namorada que colocou limite nele ou o fez criar os seus próprios limites. Relacionamentos são assim mesmo, nos dão os limites. Só que eles podem ser certos e errados, dependendo do que nós somos e queremos.

(Esta é uma obra de ficção criada por Fernando Fidelix Nunes)

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