1º de julho de 2011.
Fiquei
me sentindo mal com o que eu escrevi anteontem aqui no diário. Ainda bem que eu
apaguei. Por mais que ninguém vá ler o que eu escrevi, isso não deve ser dito
em lugar algum.
Domingo
vai ser meu aniversário de 52 anos de idade. Lá se vai mais uma primavera! As
pessoas quando chegam a minha idade já começam a ter receio de fazer planos
para o futuro. Eu mesma pensava chegar num futuro ideal, que hoje não passa de
um presente abominável. Sabe... eu não gosto de viver a vida que nem um falso
pregador. Não sei se vou conseguir mentir a minha tristeza no dia do meu
aniversário. Talvez eu consiga, na verdade eu sempre consigo. A minha família
deve ligar lá do interior de Minas. O problema de ser barato para ligar pelo
celular hoje em dia é que as conversas ficam intermináveis! Uns 10 anos atrás a
ligação era rapidinha para gastar pouco. Uma conversa de meia hora, que antes
custava uns 20 ou 30 reais, hoje custa só 25 centavos num pré-pago qualquer.
Para uma família que se gosta isso é muito bom, mas comigo não é.
O
melhor presente de aniversário para mim seria tirar essa dúvida em relação ao
Henrique. Nesse fim de semana eu vou conversar com a Conceição para ela me
dizer o que acha e o que pode saber sobre as coisas da família. Ela é uma
pessoa muito sábia e que rodou muito. Eu realmente admiro essa mulher. Teve
três filhos em Planaltina com três trastes que nunca assumiram nada. O filho do
terceiro filho ficou com ela ainda uns 4 anos, mas no final a abandonou e nem
pagou pensão direito, igualzinho aos outros. E quem diz que ela fica reclamando
por aí? Nada a mulher botou para trabalhar e formou os 3 filhos na UnB. Dois
viraram professores de Espanhol e uma virou arquiteta. Essa mulher foi trabalhadora
mesmo! Isso que é um exemplo de superação. Quantas Conceições devem haver por
aí? Muitas! E quem diz que elas recebem o reconhecimento que merecem? Agora uma
que chegou na vida política ontem e não faz quase nada tem aprovação de metade
da população.
Hoje
fui confrontada com uma pergunta desaforada dentro de mim muito forte. Eu ando
pensando muito que o tempo deveria passar e até voar para ver se essa dor
passa, mas será que ele não já voou o bastante? Parece que foi ontem que eu
casei com o Henrique. Eu me lembro muito bem da minha falecida mãe me chamando
“Márcia, não mexe nesse mato que aí seu tio já matou uma cobra esses dias!”
Minha mãe era incrível mesmo, pena que na hora de me educar não me fez ver as
coisas ruins de ser uma mulher do lar. Ficar na cozinha o dia inteiro era tão
bom para ela. Sempre que eu via minha mãe eu via uma mulher feliz. Não
interessava o pouco dinheiro nem os infortúnios do dia a dia. A vida podia ser
um limão que a minha mãe fazia dela uma limonada para as crianças e uma caipirinha
para os adultos que viviam por perto. Todo mundo gostava dela, inclusive eu.
Pois
é... três anos sem ela. Mas a vida segue.
(Escrito, assim como os demais dias do diário, por Fernando Fidelix Nunes)
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