(Ilustração feita por Enthony Keven)
13 de maio de 2012.
Hoje
parece que voltei no tempo. Tudo está como antes. Fomos ao Mangai e
aproveitamos o “meu” dia da melhor forma possível para a minha família: sem eu
cozinhar. Meu marido nem me ama mais, mas parece aficionado com a ideia das
convenções sociais. Ganhei aqueles presentes de sempre: sabonete, perfume,
vestido discreto e um par de brincos. A minha família é muito estranha,
inclusive eu. Mas hoje, na fila do Mangai, eu reparei que a vida é um pouco
mais igual do que eu imaginava. Olhei para as outras mulheres. Senhoras de 50
ou 60 anos reunidas com a família e perdidas em si mesmas. Embora separadas,
estávamos unidas pela indiferença. Olhávamos para o nada, nossas famílias nos
ignoravam e o mundo parecia um teatro de fantoches guiados por uma obrigação
tosca e vazia.
Por
que a vida tem desses becos sem saída para o coração humano? A gente tem alguma
saída? Eu pensava em algo do tipo quando fui sugada pela minha vez na fila de
pegar comida. Como seria uma vida diferente? Eu realmente queria ser amada de
verdade. Não pelos meus filhos, família ou amigos, mas pela vida. Não quero
saber da vida de jeito nenhum. Pelo menos não da vida que eu tenho.
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