sexta-feira, 17 de maio de 2019

Diário: 14 de maio de 2012

(Ilustração feita por Enthony Keven)


14 de maio de 2012.

Resolvi fazer de hoje o meu dia de verdade. Um dia de libertação dessa vida à toa. Dei a desculpa de que a inflação estava alta e disse que precisa andar pelos mercados para conferir como poderia economizar mais. Para mim, o Extra é sempre melhor, mas a minha família nem desconfia. Resolvi aprontar das minhas fugas. Saí com um caderninho, que ficou em branco até o fim do dia. De manhã eu resolvi andar pelo Parque da Cidade até mais ou menos onze e meia. Ele anda meio caído, mas ainda é encantador, ainda mais quando tá tudo verdinho e brilhante. Resolvi até beber uma água de coco para ver se conseguia relaxar melhor numa daquelas cadeiras de ferro de bar de esquina. O contato com a natureza é capaz de revigorar a alma. Essa natureza vale a pena, já as das minhas relações familiares não valem realmente nada.

Cheguei em casa e fiz o almoço bem simples, sob o pretexto de fazer mais uma caminhada. Inventei que os peixes do Carrefour do shopping aqui do final da Asa Norte tinha um bom preço para peixe e frango, mas que no resto das coisas não compensava muito. A minha família fez o de sempre: fingiu que ouvia, mas não prestou atenção em praticamente nada. Só o Henrique que me deu um beijo áspero e morno.

À tarde resolvi andar pelo Olhos d´ Água aqui no fim da Asa Norte. Entrei no mato virgem de mim mesma e aproveitei um pouco a mata e a pista. O sol estava forte, mas valeu a pena cada passo. Eu comprei um pão e joguei os pedaços para os peixes. Tão bonito ver os peixes todos juntos atrás de um pedaço de comida. É simplesmente maravilhoso viver assim, com liberdade de tudo. A segunda-feira nunca foi tão linda para mim.

Para terminar eu ainda passei no Extra e decretei o que era do meu costume: o Atacadão costuma ser mais barato, mas o Extra é bem mais prático e eu vou continuar indo ao Extra. Só passo nos mercadinhos aqui perto por serem ainda mais práticos no dia a dia da gente. Pena que essa aventura foi uma espécie de saidão que resultou na minha volta à prisão domiciliar.

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