sexta-feira, 24 de maio de 2019

Diário: 31 de maio de 2012

(Ilustração feita por Enthony Keven)


31 de maio de 2012.

A Giovana está muito chateada. O governo resolveu diminuir o IPI logo agora. Os carros todos caíram de preço do dia pra noite. A Giovana ficou pensando muito nisso nos últimos dias. Toda hora era uma piadinha: “que falta que esse IPI me faz? Ah! Se o meu IPI voltasse, dava para comprar umas coisinhas pra mim”. Não me lembro bem do que ela falou mais, mas eram coisas desse tipo. Nossa! Se a minha filha lesse meu diário ia adorar fazer uma aulinha do uso de “mais” e “mas” com esse exemplo. Parece que quanto mais espontânea a língua mais clara ela fica.

Este mês me traz muitas recordações ruins do ano passado. Acho que encarnei o meu lado Rita Lee e resolvi mudar e fazer o que eu quero fazer. Preciso começar a escrever o meu mundo interior os meus sonhos mais ocultos. Quero mergulhar na minha alma. Preciso esquecer um pouco a minha família e deixá-los ocultos nos meus escritos. Afinal, eu escrevo esse diário para mim.  Achei um companheiro ideal para mim. Tem um livro do Drummond aqui em casa que é cheio de frases dele sobre vários assuntos.

A primeira frase que mexeu comigo foi que “A ingratidão é o imposto cobrado à generosidade”. O ser humano é assim mesmo: ingrato em tudo na vida. Essa frase deveria estar em cartazes por todas as ruas para dizer que o mundo tem outro valor e outro foco do que é necessário para as relações das nossas vidas tenham sentido e fraternidade profunda. Isso é que deveria ser ensinado na escola. Usar a língua na vida real prática é muito mais importante do que viver a vida “normalmente” nessa perda de tempo e de interesse pelo ser humano.

A vida é, realmente, uma ingratidão à verdadeira generosidade.

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