(Ilustração feita por Enthony Keven)
31 de maio de 2012.
A
Giovana está muito chateada. O governo resolveu diminuir o IPI logo agora. Os
carros todos caíram de preço do dia pra noite. A Giovana ficou pensando muito
nisso nos últimos dias. Toda hora era uma piadinha: “que falta que esse IPI me
faz? Ah! Se o meu IPI voltasse, dava para comprar umas coisinhas pra mim”. Não
me lembro bem do que ela falou mais, mas eram coisas desse tipo. Nossa! Se a
minha filha lesse meu diário ia adorar fazer uma aulinha do uso de “mais” e “mas”
com esse exemplo. Parece que quanto mais espontânea a língua mais clara ela
fica.
Este
mês me traz muitas recordações ruins do ano passado. Acho que encarnei o meu
lado Rita Lee e resolvi mudar e fazer o que eu quero fazer. Preciso começar a
escrever o meu mundo interior os meus sonhos mais ocultos. Quero mergulhar na
minha alma. Preciso esquecer um pouco a minha família e deixá-los ocultos nos
meus escritos. Afinal, eu escrevo esse diário para mim. Achei um companheiro ideal para mim. Tem um
livro do Drummond aqui em casa que é cheio de frases dele sobre vários
assuntos.
A
primeira frase que mexeu comigo foi que “A ingratidão é o imposto cobrado à
generosidade”. O ser humano é assim mesmo: ingrato em tudo na vida. Essa frase
deveria estar em cartazes por todas as ruas para dizer que o mundo tem outro
valor e outro foco do que é necessário para as relações das nossas vidas tenham
sentido e fraternidade profunda. Isso é que deveria ser ensinado na escola.
Usar a língua na vida real prática é muito mais importante do que viver a vida “normalmente”
nessa perda de tempo e de interesse pelo ser humano.
A
vida é, realmente, uma ingratidão à verdadeira generosidade.
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