Rússia 2018: A Tradição na Lata do Lixo
Após
essa primeira rodada, não resta quase nenhuma dúvida de que a tradição foi
jogada na lata do lixo nesta Copa do Mundo na terra de Dostoiévski. A badalada
Argentina não foi capaz de superar a humilde seleção islandesa, estreante em
mundiais. Ver Messi errando um pênalti, definitivamente, tem o seu valor. Nesse
ritmo, poderei continuar dizendo aos meus amigos que eu tenho a mesma
quantidade de Copas do Mundo que ele. Neste ano, a Argentina está completando
25 anos sem vencer um título FIFA. Nesse tempo eu já perdi a conta dos títulos
que eu vi o Brasil ganhar. Até Colômbia, Grécia, Japão, Portugal e Chile
venceram mais títulos que a Argentina neste milênio. Já imaginaram quantos
milhões de argentinos não sabem o que é gritar “é campeão”? Quando eu estou
triste, confesso que penso nisso e logo me animo.
Pior
foi a estreia da Alemanha, nossa eterna algoz. Perder para o México na estreia
é absolutamente deprimente. Eles precisam vencer a Suécia, que vem querendo
fazer história no meio de tantas zebras. Do jeito que as coisas andam, vai
virar tradição a seleção campeã ser eliminada na primeira fase – lembrem-se dos
recentes vexames de Itália e Espanha. Só que isso parece ser bom demais para
ser verdade.
O
Brasil, para variar, fez uma estreia confusa e nervosa. Uma vez que não tivemos
uma contribuição substancial da arbitragem, como tivemos em 2002 e 2014, não
conseguimos estrear com os desejadas e tradicionais 3 pontos. A nossa seleção
fez o nosso canarinho querer se depenar todo. Nossos badalados e valorizados
jogadores não fizeram uma partida digna da amarelinha. Esse negócio de goleiro
que não é muito feio não costuma dar muito certo – se vocês acham que é superstição
ou inveja, só se lembrem das alegrias dadas por Taffarel e São Marcos. Bem
feito o juiz ter sido incompetente. Não adianta nem botar a culpa do árbitro de
vídeo, porque não jogaram o suficiente e não mereciam vencer o time do
Rodriguez. Sim, público leitor, havia um suíço chamado Rodriguez. Esses tempos
de globalização são assim mesmo. Antigamente, nome de suíço era tão difícil de
ser dito que o narrador chegava a gaguejar na hora e dizer umas 5 pronúncias
diferentes por partida. Hoje não! Os Rodriguez chegaram à terra dos lindos
alpes.
Entretanto,
a Copa do Mundo, assim como o mundo político, não permite o vácuo. Há várias
seleções de olho na chance de ouro de levantar a taça mais almejada do planeta!
Cristiano Ronaldo está babando a cada lance. Ele teve três oportunidades de gol
e não perdoou em nenhuma contra a Espanha. Eu vi o jogo dele contra Gana aqui em
Brasília na Copa passada. Ele teve 5 chances, mas só deixou um gol. Agora dá
para ver na cara dele a vontade de ganhar o título. Depois do jogo, ele foi
cumprimentando os companheiros e foi gritando: “até o final, vamos até o fim!”.
A nossa seleção precisa é desse espírito. Espanha e Inglaterra também sonham
alto. Sentem que estão com uma de suas melhores gerações. Bem... sonhar não
custa nada.
Por
fim, quero fazer uma observação: tem coisa que só jogadores sul-americanos vão
fazer entre quatro linhas. Quintero fez um gol de falta chutando por baixo da
barreira, que pulou num ímpeto heroico. É claro que essa jogada já foi
patenteada por Ronaldinho Gaúcho, mas os únicos que conseguem fazê-lo em
momentos decisivos estão abaixo da Linha do Equador.
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