terça-feira, 19 de junho de 2018

Rússia 2018: A Tradição na Lata do Lixo


Rússia 2018: A Tradição na Lata do Lixo


Após essa primeira rodada, não resta quase nenhuma dúvida de que a tradição foi jogada na lata do lixo nesta Copa do Mundo na terra de Dostoiévski. A badalada Argentina não foi capaz de superar a humilde seleção islandesa, estreante em mundiais. Ver Messi errando um pênalti, definitivamente, tem o seu valor. Nesse ritmo, poderei continuar dizendo aos meus amigos que eu tenho a mesma quantidade de Copas do Mundo que ele. Neste ano, a Argentina está completando 25 anos sem vencer um título FIFA. Nesse tempo eu já perdi a conta dos títulos que eu vi o Brasil ganhar. Até Colômbia, Grécia, Japão, Portugal e Chile venceram mais títulos que a Argentina neste milênio. Já imaginaram quantos milhões de argentinos não sabem o que é gritar “é campeão”? Quando eu estou triste, confesso que penso nisso e logo me animo.

Pior foi a estreia da Alemanha, nossa eterna algoz. Perder para o México na estreia é absolutamente deprimente. Eles precisam vencer a Suécia, que vem querendo fazer história no meio de tantas zebras. Do jeito que as coisas andam, vai virar tradição a seleção campeã ser eliminada na primeira fase – lembrem-se dos recentes vexames de Itália e Espanha. Só que isso parece ser bom demais para ser verdade.

O Brasil, para variar, fez uma estreia confusa e nervosa. Uma vez que não tivemos uma contribuição substancial da arbitragem, como tivemos em 2002 e 2014, não conseguimos estrear com os desejadas e tradicionais 3 pontos. A nossa seleção fez o nosso canarinho querer se depenar todo. Nossos badalados e valorizados jogadores não fizeram uma partida digna da amarelinha. Esse negócio de goleiro que não é muito feio não costuma dar muito certo – se vocês acham que é superstição ou inveja, só se lembrem das alegrias dadas por Taffarel e São Marcos. Bem feito o juiz ter sido incompetente. Não adianta nem botar a culpa do árbitro de vídeo, porque não jogaram o suficiente e não mereciam vencer o time do Rodriguez. Sim, público leitor, havia um suíço chamado Rodriguez. Esses tempos de globalização são assim mesmo. Antigamente, nome de suíço era tão difícil de ser dito que o narrador chegava a gaguejar na hora e dizer umas 5 pronúncias diferentes por partida. Hoje não! Os Rodriguez chegaram à terra dos lindos alpes.

Entretanto, a Copa do Mundo, assim como o mundo político, não permite o vácuo. Há várias seleções de olho na chance de ouro de levantar a taça mais almejada do planeta! Cristiano Ronaldo está babando a cada lance. Ele teve três oportunidades de gol e não perdoou em nenhuma contra a Espanha. Eu vi o jogo dele contra Gana aqui em Brasília na Copa passada. Ele teve 5 chances, mas só deixou um gol. Agora dá para ver na cara dele a vontade de ganhar o título. Depois do jogo, ele foi cumprimentando os companheiros e foi gritando: “até o final, vamos até o fim!”. A nossa seleção precisa é desse espírito. Espanha e Inglaterra também sonham alto. Sentem que estão com uma de suas melhores gerações. Bem... sonhar não custa nada.

Por fim, quero fazer uma observação: tem coisa que só jogadores sul-americanos vão fazer entre quatro linhas. Quintero fez um gol de falta chutando por baixo da barreira, que pulou num ímpeto heroico. É claro que essa jogada já foi patenteada por Ronaldinho Gaúcho, mas os únicos que conseguem fazê-lo em momentos decisivos estão abaixo da Linha do Equador.
               
(Escrito por Fernando Fidelix Nunes)

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