(Ilustração feita por Enthony Keven exclusivamente para este blog)
12 de março de 2012.
Hoje
escrevo só para manter o hábito. O hábito de escrever é o hábito de viver por
natureza. Acho que é o momento em que me sinto viva e não uma máquina... uma
máquina de lavar, passar, cozinhar, cuidar, limpar... uma máquina da vida e
para a vida. Ser uma máquina tem a vantagem de massagear a dor inexistente. A
dor passa a ser um detalhe a ser ignorado. A vida não é nada fácil.
O
Henrique deve estar ainda muito próximo da Tereza. Esse negócio de celular
pré-pago é muito ruim. Antes a gente sabia todos os telefones que tinham ligado
para o telefone da casa, que é de todo mundo. Daí dava para ver quem ligou e
por quanto tempo falou. E isso era feito de forma discreta. Fico imaginando
quantas traições foram descobertas assim.
Agora, com o
celular pré-pago, cada um fica cuidando da sua vida. Isso é bom para as pessoas
fazerem coisa errada. Dizem que a tecnologia só serviu para ajudar as pessoas a
serem melhores. Mentira. A tecnologia é a maior arma para os vícios e mistérios
obscuros do ser humano. A vida é assim, bastante sem sentido.
Meu filho é a
única pessoa que segue um caminho na estrada da vida. Só que a vida é longa e
cheio de barrancos. No fundo eu tenho medo de que ele faça com a Rayane a mesma
coisa que o Henrique fez comigo. Mas é difícil, pois ele, mesmo melhorando
muito, é incapaz de conseguir o emprego do Henrique e comprar um apartamento na
Asa Norte. A vida é assim, bastante complicada.
(Esta é uma ficção feita por Fernando Fidelix Nunes)
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