sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Diário: 26 de janeiro de 2012

(Ilustração feita pelo talentoso Enthony Vieira para este blog)


26 de janeiro de 2012.

Eu vi muita coisa estranha nesta semana, mas o que mais me chamou a atenção foi escrever no computador. Esse programa Word é meio confuso de mexer no início, mas a gente se acostuma nos mínimos detalhes com ele. O que eu mais gosto nele é que ele sempre destaca um erro de português nosso. A Giovana me disse que devemos falar “ortográfico”. Não sei por que ela sempre escolhe um jeito difícil de falar o que todo mundo entende. Parece que todo mundo usa esse programa. Por isso que o criador dele é uma das pessoas mais ricas do mundo. Realmente, não tem como uma pessoa trabalhar para tanta gente e ficar pobre.

Acho que enrolei mais por estar indisposta com minha família do que por falta de capacidade. A Giovana ficou chocada quando soube por mim que o Henrique vai vender o carro dela. Sim, o Henrique resolveu vender o carro da Giovana, que o Daniel também usava de vez em quando para sair com a Rayane. Eu não consigo entender direito isso. Como pode o meu marido ter uma atitude dessas? Ele está inventando que precisa de dez mil e vai vender o Uno dela por dez mil reais. Botou no jornal e colou um papel no vidro do carro para fazer a propaganda. Eu mesma tentei falar com ele, mas foi em vão. Colocar a Giovana numa situação dessa do dia pra noite por conta de uma discussão besta é demais.

É isso que eu mais odeio no Henrique. Ele acha que, por ele ser o dono do dinheiro, ele manda em tudo sem pedir a autorização de ninguém que fica tudo bem. A Giovana até precisa de limite, mas vem querer dar agora que ela já tá uma mulher feita? Isso é péssimo! Ele vai fazer uma grande besteira vendendo esse carro. O Daniel ficou com a Rayane e não está sabendo ainda. Na verdade, eu nem sei como vou falar isso pra ele. “Bom dia, meu filho. Seu pai vai vender o seu carro porque precisa de dez mil reais”. Péssimo, simplesmente péssimo.

Acho que isso é a pior coisa que eu vejo no meu país. Não falo de vender o carro por si só. Se os problemas entre país e filhos tivessem como limite a venda de carros, o mundo seria um paraíso. Não. Eu acho que quem tem poder costuma sempre olhar pra ele na hora da crise e achar nele uma maneira de se vingar de quem desagrada. O Henrique quer mostrar que é dono do mundo quando não tem mais controle de nada. Péssimo, simplesmente péssimo.



2 comentários:

  1. olá professor ,
    Sou gislayne e estou gostando dos textos estou sempre acompanhando os posts. Fico feliz por ter um espaço gratuito leituras reflexivas.

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