sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Diário: 7 de novembro de 2011

(Ilustração feita por Leonardo B. Ferreira exclusivamente para este blog)


7 de novembro de 2011.


Esse Dia dos Mortos me fez pensar sobre muita coisa nesta vida. Impressionante a gente ter um dia para nós respeitarmos aqueles que já se foram. No meio dessa Babel de destinos e tragédias temos um único caminho: a morte. As pessoas costumam chorar muito em enterros, mas a gente só deveria se desesperar por algo inesperado. A morte não é algo inesperado para ninguém neste mundo. Talvez no outro mundo, mas neste mundo nada mais natural do que a morte. Estranho não é morrer, estranho é as pessoas se preocuparem tanto com a morte e a tratarem como a coisa mais difícil de se entender e sentir. Parece que a gente sempre procura um motivo para sofrer por qualquer contrariação que temos. Tem gente que fica de luto uma vida inteira, mas não adianta de nada, pois quem ou o que morre não vai voltar de jeito nenhum. O negócio é ir vivendo, independente do que aconteça. Engraçado que eu já escrevi essa frase um monte de vezes. Por que será?

Cada dia aparece uma coisa diferente na minha frente. Não consigo entender por que a Giovana quer tanto que o argentino venha aqui para casa. O Henrique diz que não vem de jeito nenhum. Eles até ensaiaram uma discussão, mas o Henrique estava de saída para o trabalho. Ele é assim, evita discutir ao máximo. Costuma conseguir sempre o que quer, mas ainda acho que vou ver uma breve novela na discussão entre eles. A Giovana sempre fica quieta e respeita o pai, mas dessa vez é diferente. Ela quer colocar a autoridade do Henrique de lado para viver o seu “amor”. Por que gente jovem se sente tão bem ao desafiar autoridade desse jeito em relação a tudo? Parece que a vida só tem graça para a minha filha se ela colocar os outros de lado e a sua vontade no meio de tudo.

Achei uma verdadeira pérola no livro do Fernando Pessoa. No fragmento 307, ele comenta sobre a estética do desalento. Ele diz algo do tipo: se a vida não apresenta beleza, precisamos aprender a ver a beleza na falta de beleza que a vida possui. Isso é extremamente verdadeiro em nosso coração. O mundo não é belo. Ele é feio como um funk desafinado. Sem harmonia e só fazendo o básico para entreter as pessoas. Achar beleza no que é medonho talvez seja o melhor caminho para a felicidade. Se eu conseguir ver isso na vida, eu acharei alguma coisa de bom nesta existência.

Dizem que na vida a gente tem um futuro demarcado de cabo a rabo. É como se nós tivéssemos um destino próprio para o restante de tudo. Tem gente que acha que somos nós que fazemos acontecer. Por que a gente nunca sabe de nada? Qual é a necessidade de tanto sofrimento em nosso coração? Eu queria que alguém me explicasse isso. Pena que não adianta nem procurar no Google para saber.



(Esta é uma obra de ficção escrita por Fernando Fidelix Nunes)

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