terça-feira, 17 de julho de 2018

Somos Croatas?

Somos Croatas?


Acabou mais uma Copa e as minhas crônicas sobre ela. A França, como era claramente esperado, levou para casa a taça, o que resultou, infelizmente, nas típicas cenas lamentáveis: devaneios alcoólicos, confusões de massa, confronto com a polícia, destruição do patrimônio público e privado, diminuição da produtividade da população no dia seguinte, desrespeitos diversos à dignidade humana, exposição exacerbada de uma pessoa cometendo ações constrangedoras para sua imagem e assim por diante. Sinceramente, senti um pouco de inveja. Espero há 16 anos por esse momento aqui nas terras tupiniquins. Infelizmente, terei de esperar mais quatro se o Brasil não faturar a Copa América no ano que vem.

Vamos ao jogo! O goleiro croata foi uma vergonha para a nação. Os quatro gols franceses eram defensáveis, inclusive o pênalti. Ele ficou muito afobado e inseguro. É como se dissesse para si mesmo durante o jogo: gente, já chegamos longe demais e não somos dignos da taça. Ele, definitivamente, foi a principal arma da França na final. De resto, os franceses passearam com a elegância intranquila de um personagem balzaquiano acostumado a se dar bem sem esforço. Leiam O Código dos Homens Honestos para entenderem melhor o que eu estou falando. Os croatas precisam melhorar para levantarem uma taça! Precisam olhar para si mesmos e dizerem com o peito estufado: "nós somos dignos desse título e faremos por onde". Perderam, visivelmente, na baixa autoconfiança.

Modric (meu corretor não permite acento no "c" - isso que é um croata de verdade!) mereceu ser o melhor da Copa. Só um gênio é capaz de levar a Croácia a uma final. O grande feito é deles! Se bem que na vida, muitas vezes, queremos ser como a Croácia. Sim, queremos ir além das expectativas das pessoas que nos cercam e da maneira como nos rotulam. Sejamos sinceros! Ninguém esperava ou espera algo do futebol croata. Os mais respeitosos só diziam: "tem bons jogadores" e "vai dar trabalho". E o que eles fizeram? Tirando a final, foram até o fim e aproveitaram ao máximo as falhas dos adversários e exploraram ao máximo as suas qualidades. Acho que deveríamos aprender muito com a Croácia. Nem sempre o segundo lugar é uma derrota. O segundo lugar demonstra a força deles diante das outras 30 seleções que ficaram para trás. Na vida, o segundo lugar entre tantos outros costuma trazer muitas coisas boas, exceto no amor. No amor só o primeiro lugar vale, o resto é paisagem.

Ah! Também teve uma pelada no sábado em que os belgas venceram os ingleses. Uma vergonha o tanto de puxa-saco para o futebol belga. "Vejam como jogam", "eles são bons mesmos", "não é à toa que eliminaram o Brasil" e blá blá blá. Insisto: não fizeram nada demais para essa badalação toda. Só chegaram ao terceiro lugar porque os outros times deram mole. Simples assim.

E o Brasil? Volta pra casa cheio de vergonha e cabisbaixo. Se quiserem se redimir de verdade, precisam jogar a vida e encantar a todos nos jogos da Copa América. Aí sim uma chance de salvar esta década perdida em todos os sentidos.

(Fernando Fidelix Nunes) 




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