5 de junho de 2011.
O
almoço de hoje foi um fato raro. A família inteira estava reunida na casa
espaçosa do seu Agenor e da minha “querida” sogra, dona Aurora. Os primos do
Henrique estavam todos lá: Joana e Anderson, filhos da falecida Antônia e do
falecido Reinaldo, tio do Henrique; Renato e Roger, filhos do Reginaldo e da
falecida dona Maria – era uma senhorinha adorável.
O
Gustavo, filho do Dênis e da Joana, está muito bem. Fiquei sabendo que acabou
de ser nomeado na Câmara dos Deputados para o cargo de técnico administrativo.
Ninguém falou, mas ele vai ganhar grana o suficiente para o resto da vida. Na
verdade, nem precisava falar nada disso. Ele contou que passou dois anos
estudando de manhã e de tarde, cursinho pela manhã e à tarde revisava o
conteúdo e fazia exercícios. Ele é um rapaz bem instruído e organizado, o que é
a base dessa conquista dele mesmo. Queria que o Daniel também fosse assim, mas,
se continuar nessa situação, ele não consegue emprego de nada que dê dinheiro
de verdade. Vai viver encostado dando trabalho aqui em casa.
Já
o André, filho do Anderson e da Lúcia, virou um playboy da pior espécie. Todo
fortinho e cheio de si, ele fala alto chamando a atenção e bebendo muito. O
cara tem 32 anos e nunca trabalhou nem 30 horas numa semana na vida. Só fez
estágio. Fez uma faculdade qualquer e fica mamando na teta dos pais até hoje. O
engraçado é que os pais sempre foram bem certinhos e acabaram criando um
vagabundo. A vida tem dessas coisas: às vezes sai uma jaca podre de um pé de
caju.
Agora
o pior de todos foi o William, filho do Roger com a Ana. Ela tinha um problema
que a impedia de ter filhos. O único caminho então é adotar, eles pensaram. Só
que o moleque é uma bomba. Adotaram quando tinha 5 anos. De lá pra cá a vida
deles virou um inferno! Na infância o menino só arrumava confusão; na
adolescência começou a mexer com droga e com uma turminha da pesada – tiveram
até de ir na delegacia buscar o garoto; e agora, na casa dos vinte e tantos
anos resolveu virar travesti. Isso já tem um tempo. Uma vergonha completa. Só a
dona Aurora e a Giovana falam com ele, que inventou de querer ser chamado de
Alana. Onde já se viu um negócio desses? Para mim e para o resto da família ele
vai continuar sendo o William mesmo. Já até tentaram tratar o menino, mas nunca
deu certo com nenhum psicólogo ou psiquiatra. Não tem medicamento ou terapia
que dê jeito.
O
Pedro e a Paula, filhos do Renato e da Tereza, vivem meio brigados, mas na hora
de ficar em família nem parece que eles se detestam. A Paula está toda feliz
porque vai casar com um americano, um tal de Bryan que veio estudar doutorado
na UnB. Não sei o que ele veio fazer aqui. Eu, se fosse ele, ficava por lá mesmo.
Agora o Renato e a Tereza que estão vivendo um verdadeiro caos. Dona Aurora me
contou que os dois chegaram a passar uma semana separados, mas decidiram
reatar. Isso foi um pouco depois do carnaval. É uma relação que mais sobrevive
do que vive. O desfecho dessa história me intriga, porque eu sei que o Henrique
ainda sente alguma coisa pela Tereza. Se ela der chance a ele, tenho certeza de
que ele vai em cima. E eu aqui sofrendo com o destino.
O
seu Agenor não demonstrou, mas eu sei que ele sentiu a morte do Reginaldo. A
pessoa, com o tempo, já viu muita coisa ruim e tem de aprender a disfarçar o
seu coração em certas convenções sociais.
Uma
parte boa foi rever a Conceição, empregada da minha sogra. É tão bom falar com
ela. Aquilo sim que é pessoa eficiente e séria. Nunca vou conseguir fazer a
feijoada do mesmo jeito que ela faz, por mais que eu me esforce. Pena que a
vida dela é muito complicada, principalmente pela relação que ela tem com a
filha. Mas é impressionante que nada disso tira
a força dela de lidar com os problemas da vida. O negócio é seguir em
frente e ir vivendo, apesar da dor da ausência continuar no coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário