(Ilustração feita por Enthony Kevin Vieira)
9 de fevereiro de 2012.
O
Carnaval já está chegando e a vida já começou a aprontar das suas por aqui. A
Giovana perdeu a batalha do carro, mas venceu a guerra, porque o namorado
argentino virá para Brasília e terá onde ficar. A casa da dona Aurora será o
refúgio do amado da minha amada filha. Impressionante como a vida se parece com
uma sequência de novela mexicana às vezes.
A
minha filha anda mais feliz com as peripécias que a vida lhe reservou do dia
para noite. Na verdade eu não acho que foi do dia para a noite, mas foi aos
poucos. Agora eu reparei que ela foi na casa da dona Aurora umas cinco vezes
com o pretexto de encontrar o William que quer ser chamado de Alana. Ela ficou
falando que queria ler e falar com ele sobre poesia, principalmente a poesia
dele. Ela disse que ele tem um dom. Artista bom costuma ter um parafuso a menos
na cabeça.
Acho
que é por isso que eu nunca vou ser escritora. Escritores têm a cabeça em outro
mundo. Eu sou presa na e pela rotina cotidiana. Às vezes eu fujo para o meu
diário, mas a minha vida é como os bancos vazios. Estão sempre lá com tudo
pronto para ser útil, mas só serve para enfeitar a paisagem. Nem os mendigos
dormem nos bancos. Se vierem deitar nos bancos, é capaz de quererem levar
embora o povo falando que estão atrapalhando.
É
impressionante a indiferença das pessoas com a miséria. As pessoas falam da
miséria fingindo que têm pena dos mendigos, mas na verdade nem ligam pra
ninguém. A vida é assim mesmo.
(Esta é uma obra de ficção feita por Fernando Fidelix Nunes exclusivamente para este blog)
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