sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Diário: 9 de fevereiro de 2012

(Ilustração feita por Enthony Kevin Vieira)



9 de fevereiro de 2012.


O Carnaval já está chegando e a vida já começou a aprontar das suas por aqui. A Giovana perdeu a batalha do carro, mas venceu a guerra, porque o namorado argentino virá para Brasília e terá onde ficar. A casa da dona Aurora será o refúgio do amado da minha amada filha. Impressionante como a vida se parece com uma sequência de novela mexicana às vezes.

A minha filha anda mais feliz com as peripécias que a vida lhe reservou do dia para noite. Na verdade eu não acho que foi do dia para a noite, mas foi aos poucos. Agora eu reparei que ela foi na casa da dona Aurora umas cinco vezes com o pretexto de encontrar o William que quer ser chamado de Alana. Ela ficou falando que queria ler e falar com ele sobre poesia, principalmente a poesia dele. Ela disse que ele tem um dom. Artista bom costuma ter um parafuso a menos na cabeça.

Acho que é por isso que eu nunca vou ser escritora. Escritores têm a cabeça em outro mundo. Eu sou presa na e pela rotina cotidiana. Às vezes eu fujo para o meu diário, mas a minha vida é como os bancos vazios. Estão sempre lá com tudo pronto para ser útil, mas só serve para enfeitar a paisagem. Nem os mendigos dormem nos bancos. Se vierem deitar nos bancos, é capaz de quererem levar embora o povo falando que estão atrapalhando.

É impressionante a indiferença das pessoas com a miséria. As pessoas falam da miséria fingindo que têm pena dos mendigos, mas na verdade nem ligam pra ninguém. A vida é assim mesmo.

(Esta é uma obra de ficção feita por Fernando Fidelix Nunes exclusivamente para este blog)

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