(Ilustração feita magistralmente por Enthony Kevin para este blog)
6 de fevereiro de 2012.
Hoje
foi uma segunda-feira de rotina. A rotina começa a voltar ao comum. A Giovana
está se virando para pegar um trabalho como professora temporária para o
governo. Ela até diz que quer estudar para concurso, mas ela não lê nada.
Então, ela nunca vai ler nada se continuar desse jeito e vai viver como
professora temporária. O Henrique está voltando à sua rotina de trabalho e o
Daniel também. Já eu, a minha rotina é a mesma sempre e sempre.
Mas,
no meio da rotina, há espaço para redescobrir o mundo. O mundo não, a rua. A
rua não, a calçada. A calçada hoje à noite estava linda. Ainda bem que eu
consegui uma desculpa para poder ir até a padaria aqui do lado. Eu desci e
admirei as luzes do crepúsculo misturadas com as luzes dos postes atrás do
posto de gasolina daqui da quadra. Às vezes Deus pinta a paisagem como uma
obra-prima com cores que duram frações de horas e expiram só deixando rastros
no âmago de nossa alma. Até os bancos vazios da quadra ganharam uma vida nova
para mim. Uma vida que será eterna enquanto durar a paz em meu coração.
Os
problemas da Giovana não pesaram em minha cabeça enquanto eu caminhava. Os
defeitos da fraqueza do Daniel, que só se salvou por conta da Rayane, eram
paisagem de outra era. E o Henrique e seus mistérios toscos sumiram da minha
mente. Falei com uma alegria radiante com o rapaz da padaria. Ele estava
visivelmente chateado. Afinal, trabalhar até dez horas da noite e ainda pegar
um ônibus para a periferia não deve ser nada fácil. Mas confesso que fui
indiferente a isso. Quando estamos felizes, olhamos só o lado bom das coisas e
diminuímos a angústia da vida como um todo.
Com
ou sem rotina, a vida continua com uma intensidade cada vez maior com o tempo.
Agora, os nossos caminhos são um mistério. Não gostei desse último parágrafo.
Acho que é o sono. É melhor ir dormir.
(Esta é uma obra de ficção feita por Fernando Fidelix Nunes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário