sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Diário: 6 de fevereiro de 2012

(Ilustração feita magistralmente por Enthony Kevin para este blog)


6 de fevereiro de 2012.


Hoje foi uma segunda-feira de rotina. A rotina começa a voltar ao comum. A Giovana está se virando para pegar um trabalho como professora temporária para o governo. Ela até diz que quer estudar para concurso, mas ela não lê nada. Então, ela nunca vai ler nada se continuar desse jeito e vai viver como professora temporária. O Henrique está voltando à sua rotina de trabalho e o Daniel também. Já eu, a minha rotina é a mesma sempre e sempre.

Mas, no meio da rotina, há espaço para redescobrir o mundo. O mundo não, a rua. A rua não, a calçada. A calçada hoje à noite estava linda. Ainda bem que eu consegui uma desculpa para poder ir até a padaria aqui do lado. Eu desci e admirei as luzes do crepúsculo misturadas com as luzes dos postes atrás do posto de gasolina daqui da quadra. Às vezes Deus pinta a paisagem como uma obra-prima com cores que duram frações de horas e expiram só deixando rastros no âmago de nossa alma. Até os bancos vazios da quadra ganharam uma vida nova para mim. Uma vida que será eterna enquanto durar a paz em meu coração.

Os problemas da Giovana não pesaram em minha cabeça enquanto eu caminhava. Os defeitos da fraqueza do Daniel, que só se salvou por conta da Rayane, eram paisagem de outra era. E o Henrique e seus mistérios toscos sumiram da minha mente. Falei com uma alegria radiante com o rapaz da padaria. Ele estava visivelmente chateado. Afinal, trabalhar até dez horas da noite e ainda pegar um ônibus para a periferia não deve ser nada fácil. Mas confesso que fui indiferente a isso. Quando estamos felizes, olhamos só o lado bom das coisas e diminuímos a angústia da vida como um todo.

Com ou sem rotina, a vida continua com uma intensidade cada vez maior com o tempo. Agora, os nossos caminhos são um mistério. Não gostei desse último parágrafo. Acho que é o sono. É melhor ir dormir.




(Esta é uma obra de ficção feita por Fernando Fidelix Nunes)

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