sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Diário: 23 de dezembro de 2011

(Ilustração feita por Leonardo B. Ferreira para este blog)


23 de dezembro de 2011.

A vida parece que sempre tem um espaço para definido para as datas. Desde que eu sou criança o Natal tem um significado diferente. As pessoas mudam no fim do ano. Parece que são tomadas por uma espécie de atmosfera de paz. As pessoas se animam em fazer trabalho voluntário, fazem correntes do bem e até bolão da Mega-Sena o pessoal dá um jeito de fazer.

A cidade hoje deu uma mudada muito boa. Até a corrupção e a política deixaram de dar dor de cabeça para o povo. Caiu mais um ministro da Dilma, mas foi no início do mês. Agora já está bem tranquilo. Do jeito que a coisa anda para ela, um dia podem é botar a mulher mais poderosa do Brasil para o olho da rua. Neste país, tudo pode acontecer.

O ano não terminou, mas a televisão fica nos ajudando a reviver os momentos mais marcantes deste ano. Teve um massacre terrível numa escola lá no Rio de Janeiro. Nossa, a Giovana até ficou com medo de que algo do tipo acontecesse na escola dela. Com tanta coisa para o Brasil importar dos Estados Unidos, a gente resolveu importar logo esse negócio de fazer massacre em escola. Imagina só se eu fosse querer matar todo mundo que me fez sofrer. Não ia sobrar ninguém para contar história. A minha família estaria hoje em um cemitério e eu numa prisão, já que eu seria incapaz de me matar. Não que eu não esteja em um tipo de prisão, mas a da cadeia deve ser muito pior do que a que eu vivo aqui. A gente precisa aprender a importar dos outros países e das outras pessoas o que elas têm de bom e não o que têm de ordinário.

Na verdade, eu acho que estou escrevendo aqui mais para fugir da realidade. Ver Tereza e William, que quer ser chamado de Alana, no Natal vai ser bem chato. Eu ando com um pouco de irritação com a vida que chega. Essa falsidade de fim de ano para mim é insuportável. E ainda vou ter que aguentar a minha família de Minas no telefone. Ninguém diz que a vida é fácil, mas podiam falar sobre as dificuldades de se viver cada dia e como resolvê-las de vez em quando também.


(Esta é uma obra de ficção feita por Fernando Fidelix Nunes)

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