sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Poema "O Deus-Verme", de Fernando Fidelix Nunes

 

O Deus-Verme

 

(Ilustração de Enthony Keven)



O não coveiro do Reino de Deus,

Filho do caos, do rancor,

Da ambição, do comodismo, da inércia e

Da falta de uma nação para um povo

Que sobrevive na superabundante miséria;

Deus-Verme é o nome de seu novo batismo.

 

Capitão da caterva!

Coberto da bandeira trumpista,

Almoça os restos podres

Do ódio visceral retroalimentado pelo seu

Histórico de atleta do subsolo da ignorância

E do submundo miliciano.

Livre das roupas da democracia,

Lhe cai bem a farda do obscurantismo.

 

Com devaneios manipulativos

Do seguidor negacionista que o defende

A todo custo atrás do celular ou do computador,

Incha a mão dos defuntos sem razão

Das verdades fakes do Messias

Que não tem Jesus na boca nem no coração.

 

Cúmplice obstinado da morte!

No banquete de 220.000 óbitos

E da destruição da República,

Almoça carne de ema com Hidroxicloroquina

(ivermectina na dose certa seria suicídio)

Enquanto fatia no centrão da mesa

As porções fétidas da injustiça brasileira...

E todos já sabem:

“Cabe aos seus filhos a maior porção”.


(Fernando Fidelix Nunes)

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